Em audiência pública nesta quinta-feira (15) no Senado para debater a crise na Venezuela, o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que o Brasil não reconhecerá o governo de Nicolás Maduro, a partir de janeiro do ano que vem, se as atas eleitorais não aparecerem. As informações são do jornal O Globo.
Desde a eleição no país vizinho, em 28 de julho, o governo brasileiro espera a publicação dos boletins de urna, juntamente com a contagem de votos, que possam comprovar quem venceu as eleições: se Maduro ou o canditado da oposição, Edmundo González.
— Se não houver algum acordo que possibilite avançar, não vamos reconhecer o governo se as atas não aparecerem — afirmou.
Segundo Amorim, o governo brasileiro não estabelecerá uma data para que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue os documentos que mostrem como foi a votação.
— Não vamos dar um ultimato. Ultimato, quando se cumpre, é um desastre, e quando não se cumpre, perde-se a credibilidade — afirmou.
Ao longo da sessão, Amorim explicou aos parlamentares a posição do Brasil diante da crise com a Venezuela, reafirmou a posição brasileira de aguardar as atas eleitorais e voltou a defender uma solução negociada para a Venezuela:
— Os principais dilemas são em torno da divulgação dos resultados e da atuação do Tribunal de Justiça. A solução precisa vir do diálogo. É difícil, mas tem que ser tentada.
Perguntado sobre o que o governo fará, se as atas não aparecerem, ele respondeu:
—A impaciência não é boa conselheira. Vamos encontrar uma solução democrática, eleitoral e pacífica.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que ainda não reconhece a vitória de Nicolás Maduro e sugeriu a convocação de novas eleições. Lula disse que o líder venezuelano "sabe que está devendo" uma explicação ao mundo e que precisa ter bom senso e, se for o caso, convocar novas eleições.
— Ainda não (reconheço que ganhou a eleição). Ele sabe que está devendo uma explicação para o mundo. Ele sabe disso — afirmou Lula durante entrevista à Rádio T, em Curitiba nesta quinta-feira (15)
Direitos humanos
Amorim afirmou que o Brasil condena a violação dos direitos humanos na Venezuela, com a prisão de opositores no país pela polícia de Maduro. Disse acreditar em uma solução pacífica, na libertação dos prisioneiros, pois caso contrário, o governo brasileiro intercederá junto a Caracas pela libertação.