Com a taxa de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) do RS acima de 90%, a Secretaria Estadual da Saúde acionou na tarde desta quinta-feira (25) o último nível da fase quatro do Plano de Contingência Hospitalar, montado pelo governo gaúcho no início da pandemia.
A mudança determina que hospitais públicos e privados disponibilizem toda a sua estrutura para atendimento de casos de covid-19: leitos emergenciais deverão ser instalados em salas de recuperação e em UTIs intermediárias, e as equipes médicas e de enfermagem desses setores deverão ser acionadas. Também estão imediatamente suspensas as cirurgias eletivas, exceto procedimentos de urgência ou que representam risco para o paciente.
Em nota publicada pelo governo do RS, o diretor do Departamento de Regulação Estadual, Eduardo Elsade, afirmou que a situação é de "extrema gravidade, e será necessária a utilização de espaços disponíveis em cada instituição da rede hospitalar do Estado". A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, também convocou as instituições de saúde públicas e privadas a adequarem suas estruturas ao cenário crítico.
"Mais de 12 mil gaúchos já perderam a vida para a covid-19, número maior do que a população de 351 municípios gaúchos. Diante desse cenário catastrófico, a necessidade seria abrir 60 novos leitos de UTI por dia, mas isso jamais será possível", projetou a secretária, em nota divulgada pelo governo.
Repercussão
De acordo com o diretor do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, ao longo da semana já havia suspeita de que essa medida fosse tomada pelo governo do RS, mas ele salientou que a instituição ainda não recebeu nenhum ofício formalizando a mudança. O temor do dirigente é de que a nova fase desorganize a instituição, que está focada no atendimento aos pacientes com covid-19 e conta com o Hospital Cristo Redentor como retaguarda para receber casos não relacionados ao coronavírus.
— Já estamos atendendo há quase um ano pacientes com coronavírus e até agora temos dado conta. Mas não podemos ter uma situação que possa gerar um descontrole nos nossos atendimentos. Nós pretendemos fazer contato com a secretária Arita Bergmann para informarmos sobre a nossa situação atual e evitarmos um descontrole do sistema local — afirma Oliveira.
O diretor geral do Hospital Mãe de Deus, Rafael Cremonese, disse que a medida não veio como uma surpresa, mas que não tem como expandir sua capacidade de atendimento a pacientes com covid-19.
— No Mãe de Deus, todas as estruturas que poderiam ser abertas para atender covid e todo o direcionamento de pessoal para atender esses pacientes já foi feito. Já expandimos o máximo que poderíamos expandir — afirma.
Conforme o painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde, por volta das 17h desta desta quinta-feira, 2.703 leitos de UTI estavam ocupados no RS, a maior taxa de ocupação da pandemia. Em Porto Alegre, o número de pessoas com coronavírus internadas em emergências hospitalares à espera de uma vaga em UTI também está crescendo. No intervalo de um dia, saltou 83% e chegou a 117 pacientes na lista de espera.