No intervalo de um dia, o número de pessoas com coronavírus internadas em emergências hospitalares à espera de uma vaga em unidade de terapia intensiva (UTI) saltou 83% e chegou a 117 às 14h30min desta quinta-feira (25). Ao final da tarde, essa cifra variou para 113.
Por volta do mesmo horário na véspera, a fila estava em 64 hospitalizados, conforme o painel de monitoramento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Para se ter uma ideia da dimensão dessa fila de espera, essas 117 pessoas representavam 29% do universo de doentes 404 internados até aquele momento em alguma UTI da Capital.
A expectativa de abertura de novos leitos de alta complexidade poderá trazer algum alívio a esse cenário. Mas, no momento, o esgotamento já obriga os médicos a optar com frequência crescente sobre quais pacientes terão prioridade de atendimento.
Para essa tarefa, os profissionais de saúde se baseiam em documentos como a resolução 2156/2016 do Conselho Federal de Medicina, que traz regras mais objetivas para auxiliar na determinação de quem irá primeiro para uma UTI.
— Estamos mais expostos a essa decisão (de quem será atendido primeiro) com a lotação dos hospitais. O que tentamos é atender o maior número de pacientes possível — afirma a médica coordenadora da UTI do Conceição e da UTI do Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa, Taiani Vargas, lembrando que essas escolhas costumam fazer parte do dia a dia de quem atua em terapia intensiva.
Como regra, as orientações são para dar preferência ao doente com maior probabilidade de recuperação. Assim, uma pessoa com menos comorbidades tem mais chance de conseguir a vaga em comparação com um paciente com uma grande quantidade de problemas de saúde associados e expectativa mais remota de sobrevivência.
— O fato de a entrada na UTI ser postergada não significa que esse paciente será abandonado. Será tratado de forma humanitária. Mas não é fácil, não. É muito duro ter de escolher entre pessoas, sendo que muitas delas estão acordadas, a gente conversa com elas, mas tem de fazer essa análise. É um drama, mas é parte do nosso trabalho — afirma o médico intensivista do Conceição Jose Luis Toribio Cuadra.
A assessoria de comunicação da SMS informou que, de 27 pacientes que esperavam transferência para UTI nas UPAs pela manhã, 15 já haviam sido deslocados para hospitais do município até o meio da tarde.
Quais são os critérios para entrar na UTI
Há cinco faixas de classificação dos pacientes, com nível decrescente de preferência
- Prioridade 1 - Pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico (eventual impossibilidade de receber os tratamentos indicados)
- Prioridade 2 – Pacientes que precisam de monitorização intensiva pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, sem limitação de suporte terapêutico
- Prioridade 3 – Quem necessita de intervenções de suporte à vida, com baixa probabilidade de recuperação ou limitação de intervenção terapêutica
- Prioridade 4 – Precisa de monitorização intensiva pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, mas com limitação de intervenção terapêutica
- Prioridade 5 – Pacientes com doença em fase terminal, sem possibilidade de recuperação. Em geral, não são apropriados para admissão, exceto como potenciais doadores de órgãos
Fonte: Resolução 2156/2016 do CFM