Se você é daqueles que não resistem a um docinho depois do almoço, este texto é para você. Apesar de delicioso, o açúcar em excesso é um dos grandes vilões da atualidade: colabora para o aumento de peso — que pode acarretar em obesidade — e, associado a outros fatores, pode aumentar o risco de ter diabetes e acelerar o envelhecimento.
Mas essa "história de amor" com os alimentos adocicados não é de hoje. Conforme a nutricionista Patrícia Damé, que trabalha com abordagem comportamental, o açúcar ajudou os seres humanos ao longo da evolução:
— Nos ajudou como espécie, evolutivamente, pois o paladar doce tornou possível que identificássemos alimentos com glicose. E esse tipo de comida tem mais calorias, o que forneceu energia e garantiu a sobrevivência.
Assim, fica mais fácil entender que é absolutamente normal ter apreço pelos sabores adocicados. Contudo, é preciso bom senso na hora de ingeri-los.
— Essa vontade não está errada. Acontece que, hoje, é mais difícil de lidar com esse ambiente onde há tantos alimentos com muito açúcar. Nosso desejo garantiu a sobrevivência, mas a exposição em excesso a ele virou um problema — pondera.
Para tornar o consumo consciente, confira algumas dicas:
Identifique as emoções
Quem nunca comeu um bombom para "aliviar a tristeza"? Ou por que estava ansioso, nervoso ou estressado? A ingestão de doces para regular as emoções é outro fator que deve ser observado e evitado. Como eles liberam serotonina, neurotransmissor associado ao bem-estar, os doces acabam servindo para muitos como uma recompensa.
— É importante identificar a razão para se estar buscando o doce — observa Patrícia.
Uma boa saída para evitar os doces como forma de suprir alguma necessidade emocional é apostar em atividades prazerosas como exercícios ou até mesmo aquele passeio com um amigo.
Mulheres e a TPM
Ainda que não tenha motivos muito bem esclarecidos, a tara por doces durante o período de tensão pré-menstrual é bastante especulada. Patrícia diz que algumas hipóteses apontam para a hipoglicemia provocada por mudanças hormonais.
— Comer doces seria, instintivamente, uma forma de corrigir isso. O desejo por chocolate também é investigado como uma possível diminuição de magnésio, e o consumo serviria para equilibrá-lo — fala Patrícia.
O que os olhos não veem...
É assim mesmo: quanto menos você enxergar doces, menor sua vontade, garante Patrícia. Isso tudo por que nosso cérebro associa o consumo de doces ao prazer, fazendo com que não pensemos, pegando a sobremesa automaticamente.
— Quando vemos um doce, isso nos dá um primeiro gostinho de prazer, liberando dopamina — esclarece a nutricionista.
Ah, e esse estímulo visual vale, inclusive, para fotos. Ou seja, imagens de docinhos, chocolates e tortas suculentas podem, sim, aumentar a vontade de comê-los. A mesma regra vale para o consumo desses alimentos: quanto mais se come, maior o desejo. Isso também se aplica aos adoçantes, que apesar de não terem calorias, lembra Patrícia, estimulam o paladar pelo doce:
— Não é uma sugestão trocar tudo pelo adoçante, mas, sim, desenvolver o paladar por outros sabores.
Trocas saudáveis
Uma boa estratégia para fugir do docinho depois do almoço é tomar um café com canela, sugere a nutricionista clínica e esportiva Frantieska Tubino. Ela explica que a canela ajuda a estabilizar a glicemia, que é fundamental para perda de peso.
— Mas o café é sem açúcar — lembra.
A dica da especialista para quem não gosta ou não pode tomar cafeína é apostar em chás como de erva-doce e camomila.
Outra opção que ela dá é comer uma porção de fruta no almoço:
— Indico trocar a batata, o arroz ou a massa pelos carboidratos das frutas. Acrescentar uma proteína e uma salada — diz Frantieska.
Patrícia também sugere o consumo de frutas bem maduras, que são mais doces, e da estação, ou até mesmo as versões secas, como tâmaras, ameixas e passas para saciar a ânsia pelo açúcar.
No fim da tarde, quando bater aquele desejo louco por um doce, Frantieska sugere um abacate esmagado com cacau.
— Para quem tem prescrição de suplementos de proteína, também pode-se misturar junto — comenta a nutricionista esportiva.