Químicos ou naturais, os adoçantes são capazes de “forjar” o sabor doce e podem ser alternativa para reduzir o consumo de açúcar. Mas isso não significa que a ingestão está totalmente liberada.
– Tudo em excesso traz prejuízo para a saúde – lembra a médica nutróloga Renata Domingues, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia Médica (Abranutro).
Renata alerta, ainda, que é sempre melhor optar pelas versões menos industrializadas.
– Recomendo os naturais, como estévia e sucralose – diz, acrescentando que a medida diária segura para consumo é uma colher de café.
O engenheiro de alimentos Cezar Couto explica que todos os adoçantes são produzidos na tentativa de alcançar o pico de doçura da sacarose, que é o açúcar natural.
– Produtos que têm o pico em três segundos e queda em outros três são identificados pelo nosso paladar como açúcar. Nenhum adoçante tem esse pico, por isso sentimos aquele gosto residual característico dos adoçantes – afirma Couto.
Ou seja: quando colocamos o açúcar comum na boca, em três segundos identificamos aquele alimento como doce. Outros três segundos depois, essa sensação cai – isso é chamado de pico de doçura. Os adoçantes têm pico diferente, normalmente mais alto, por isso não sentimos o sabor doce logo de cara e ficamos com o gosto por mais tempo na boca.
Para reduzir o pico de doçura dos adoçantes, a indústria realiza uma série de combinações entre os tipos.
– Todos têm como característica o adoçamento, cada um tem sabor próprio. Mesclamos para reduzir o residual individual – justifica o engenheiro de alimentos.
Os adoçantes são seguros?
Todos os adoçantes comercializados no Brasil são liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo assim, o consumo excessivo pode trazer danos. Aqueles da família dos polióis (maltitol, eritritol e xilitol) podem causar efeito laxativo se consumido em porções maiores do que 50 gramas.
Além disso, alguns estudos já apontaram uma relação entre a ingestão de adoçantes e o desenvolvimento de doenças como o câncer, além de efeitos colaterais como reações alérgicas, nascimentos prematuros e quedas de fertilidade. Mas as pesquisas são preliminares e a ciência não encontrou evidências concretas contra esses produtos. O consumo, desde que não exagerado, é considerado seguro pelas autoridades de saúde.
Os tipos
Para imitar o sabor do açúcar refinado, a indústria desenvolve diversas versões de adoçante. Conheça as principais.
Aspartame
É indicado apenas para bebidas e alimentos frios, pois perde o poder de adoçamento quando submetido a temperaturas acima dos 60°C. Não pode ser usado por pessoas com fenilcetonúria, condição na qual o indivíduo não metaboliza a fenilalanina.
Acesulfame-K
Feito à base de sal de potássio, tem poder de adoçamento 200 vezes maior do que o açúcar. Normalmente é produzido em associação à sucralose.
Estévia
Produzido a partir das folhas de estévia, planta comum no Paraguai e no norte do Paraná. Adoça 300 vezes mais do que o açúcar, porém tem um sabor residual forte de ervas. Para mascarar esse sabor, o melhor uso do produto é em bebidas ácidas. Não se altera quando submetido a altas temperaturas.
Sucralose
É produzido a partir da cana do açúcar, com o acréscimo de moléculas de cloro. Consegue adoçar 600 vezes mais do que o açúcar e se mantém estável em altas temperaturas.
Taumatina
Ainda pouco difundida no Brasil, é feita a partir de uma fruta africana chamada katemfe. Por ter poder muito grande de adoçar, cerca de 3 mil vezes mais do que o açúcar, é difícil de ser utilizada, pois precisa de uma dosagem muito precisa. Além disso, tem custo elevado.
Xilitol
Tem sabor muito parecido ao da sacarose. É menos calórico e tem índice glicêmico baixo. Sua origem, assim como os “parentes” da família dos polióis (sorbitol, eritritol e maltitol), são os álcoois vegetais. Pode ser extraído de frutas e vegetais. Para a produção em larga escala, costuma ser retirado do milho.
Eritritol
Novo queridinho entre os adoçantes, tem a mesma origem do xilitol, mas com poder de adoçar um pouco menor. Com sabor refrescante, é usado na fabricação de chicletes e balas, por exemplo.
Maltitol
Bastante usado na indústria para o preparo de chocolates e balas. Tem 90% do poder de adoçar do açúcar.