Na época em que criou a Coca-Cola, há mais de 130 anos, John Pemberton jamais poderia imaginar que ela se tornaria um dos refrigerantes mais populares do mundo. A fórmula do sucesso, embora ainda seja considerada secreta, não tem muito mistério: combina açúcar com gás — assim como boa parte dos demais refris disponíveis no mercado.
É exatamente essa junção que, segundo especialistas, torna a bebida tão atrativa — e até viciante.
— O açúcar propicia uma sensação de bem-estar e prazer. Isso sem contar as substâncias químicas usadas para realçar o sabor, que fazem o paladar ficar mais aguçado para o doce — diz a coordenadora do curso de Nutrição da Universidade Feevale, Cláudia Denicol Winter.
O grande problema dos refris é que essa boa sensação acaba tão rápido quanto uma latinha gelada. Os efeitos do consumo podem trazer sérios prejuízos à saúde: aumenta o risco de obesidade e de doenças metabólicas, em função da grande quantidade de açúcar, além de prejudicar a absorção de nutrientes.
Por essas e outras é que o cerco tem sido apertado contra a bebida. Fabricantes estão retirando os produtos das cantinas escolares e o governo propõe aumentar os impostos sobre eles, além de acabar com a oferta livre em redes de lanchonetes.
A última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada em junho, mostrou que, entre 2009 e 2017, o consumo de refrigerante caiu 52,8%. Porto Alegre revelou-se a capital que mais bebe. O percentual de adultos que referiam tomar refri nos cinco dias da semana foi de 23,7%, contra 6,3% em Natal — o menor índice do país.
Livrar-se do hábito não é tarefa fácil. Pensando nisso, reunimos dicas de nutricionistas para diminuir ou mesmo eliminar os refrigerantes da rotina. Veja:
Por que é difícil parar?
Além da combinação sedutora do gás com o açúcar, o consumo de refrigerante também está muito relacionado aos hábitos alimentares.
— As pessoas associam o refri com determinados alimentos e pensam: "Vou comer batata frita ou xis, preciso tomar refrigerante" — critica Cláudia.
Para a nutricionista clínica Lusiana Liermann, o convívio social entre pessoas que consomem refri também pesa.
Como parar?
Unânimes, as nutricionistas sugerem que os amantes de refrigerante reduzam gradativamente a quantidade do líquido ingerida. Conforme Lusiana, o corte abrupto pode funcionar por um tempo, mas não garante que o hábito não vai voltar mais rapidamente depois.
— Indico ir reduzindo aos poucos o consumo. Também é bom não ter em casa, pois o que não é comprado não será consumido. Por fim, sugiro que as pessoas sejam curiosas na hora de ler o rótulo. Quando se entende do que aquilo é feito, surge um novo olhar sobre o produto, tendo argumentos para cessar o consumo.
Uma boa dica é estabelecer metas: quem consome todos os dias pode começar bebendo dia sim e dia não, progressivamente até a eliminação completa do hábito.
Como substituir?
Não adianta: hidratação é só com água. Para quem está em processo de eliminação dos refris e ainda não consegue ingerir muita água, a dica é utilizar as versões saborizadas com frutas e especiarias, água de coco ou chás e sucos naturais. Aqueles que gostam da sensação do gás podem utilizar água gaseificada com sumo de limão ou casca de laranja para substituir os refris. Com moderação e para pessoas sem alterações de glicemia ou outras condições específicas, os sucos naturais são boas opções.
— Para a população em geral, entre refri e suco, o segundo é melhor. Refrigerantes são calorias vazias, cheias de açúcar e sódio. O suco natural acrescenta nutrientes — afirma Lusiana.
Pode light, diet ou zero?
A resposta é não: eles são um prato cheio de sódio e adoçantes artificiais.
— Essa troca, no caso, para eliminar os refris, não seria adequada — destaca Cláudia.