A partir de agosto, Coca-Cola Brasil, Ambev e PepsiCo Brasil vão mudar o portfólio de produtos comercializados em escolas. A principal mudança, anunciada em comunicado conjunto nesta quarta-feira, é o fim da venda de refrigerantes para as cantinas de instituições de educação básica, com alunos de até 12 anos.
Serão restringidas bebidas como Coca-Cola, Pepsi, Guaraná Antarctica, Soda, Sukita, Antarctica Citrus, H2OH!, o isotônico Gatorade e o chá Lipton. As fabricantes afirmam que venderão apenas água mineral, suco com 100% de fruta, água de coco e bebidas lácteas que atendem critérios nutricionais específicos (ainda não detalhados).
Para escolas mistas onde o público é majoritariamente menor de 12 anos, serão oferecidos apenas água e suco. Já nas escolas mistas com predominância de alunos acima de 12 anos, estarão disponíveis todos os produtos, incluindo refrigerantes, mas em embalagens míni (até 250ml).
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"No momento do recreio, os alunos têm acesso às cantinas escolares sem a orientação e a companhia de pais e responsáveis, e crianças abaixo de 12 anos ainda não têm maturidade para tomar decisões de consumo. Coca-Cola Brasil, Ambev e PepsiCo Brasil entendem que devem auxiliar os pais ou responsáveis a moldar um ambiente em escolas que facilite escolhas mais adequadas para crianças em idade escolar, assim como estimular a hidratação e a nutrição, contribuindo para uma alimentação mais equilibrada", diz o comunicado das empresas.
Na semana passada, foi aprovado em comissão na Câmara dos Deputados projeto de lei que proíbe a venda de refrigerantes nas escolas de educação básica. O texto deve passar por outra comissão antes de ir a plenário.
A Secretaria Estadual de Educação informou que, de acordo com a Resolução do FNDE nº 26/2013, "é vedada a aquisição de bebidas de baixo valor nutricional como refrigerantes e refrescos artificiais, bebidas à base de xaropes de guaraná ou groselha, chás prontos" na merenda escolar. "Além disso, conforme Lei Estadual 13.027/2008, fica proibida a comercialização e o consumo no âmbito escolar público e privado, de alimentos e bebidas que contenham, em sua composição química, nutrientes que sejam comprovadamente prejudiciais à saúde", dizia a nota.
Presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), Bruno Eizerik acredita que as escolas particulares não devem ter problemas para se adaptar à resolução. Isso porque, de acordo com ele, embora não seja proibida a venda de guloseimas, já há uma tendência entre as instituições de oferecer alimentos saudáveis nas cantinas escolares.
– Nós achamos ótimo qualquer iniciativa que contribua para melhorar a saúde das crianças. Essa decisão das empresas vai ao encontro de ações que já vínhamos tendo, como conscientizar os alunos em sala de aula sobre alimentação saudável. Participamos da campanha Cantinas Escolares Saudáveis, do Ministério da Saúde – afirma. – Mas esse esforço não pode partir só da escola, tem que vir de casa também.
Nutricionistas divergem sobre fim da comercialização
Profissionais da nutrição não têm opinião única sobre o fim da venda de refrigerantes em escolas com crianças até 12 anos. Para a especialista em nutrição infantil Magali Martins, que trabalha com cantinas de duas escolas particulares de Porto Alegre, parar de vender esse tipo de bebida nas escolas não deve mitigar o desejo de consumo.
– Sou contra a proibição, porque acho que tudo o que é proibido se torna mais desejável. As crianças não vão comprar na escola, mas vão levar de casa, ou pior, sair da escola para comprar. O pai que dá refrigerante para o filho não vai deixar de dar – avaliou.
A Associação Gaúcha de Nutrição (Agan) vê a mudança com "bons olhos", mas também acredita que apenas impedir a comercialização não é suficiente para que as pessoas tenham um melhor comportamento alimentar.
– Uma medida como essa tem que vir acompanhada de educação, de pais, professores e alunos. De que adianta não vender na escola se vão levar na mochila? – reflete a presidente da Agan, Marilene Sgarbi.
Porto Alegre é a capital brasileira que mais consome refrigerante, segundo o Ministério da Saúde. Divulgado no ano passado, o primeiro capítulo da pesquisa Vigitel que monitora os fatores de risco para a saúde dos brasileiros indicou que, desde 2009, a capital gaúcha mantém a posição sobre a presença do refrigerante no dia a dia, embora o consumo tenha caído 10 pontos percentuais em seis anos.
*Zero Hora