A obra Pegada Africana, localizada no piso da Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre, passa por restauração. Inaugurada em 14 de novembro de 2011, a escultura no piso possui pedras e aço em sua composição.
— A obra tinha perdido partes de metal do dedo e havia algumas pedras soltas na calçada. Isso está sendo recolocado — explica o secretário municipal da Cultura, Gunter Axt, salientando que o término do restauro, executado em parceria com o próprio autor Vinícius Vieira, deve ocorrer ainda durante esta semana.
A Pegada Africana possui dois metros de extensão por três metros de largura e faz parte do Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre (leia mais abaixo), assim como pontos como o Bará do Mercado Público, o Tambor da Praça Brigadeiro Sampaio e o Painel Afrobrasileiro, situado no Chalé da Praça XV. Trata-se de um símbolo cultural significativo da história e da presença do negro na cidade, a céu aberto.
— Estamos fazendo um esforço concentrado para restaurar os monumentos abandonados da Capital, que há muito tempo não recebem manutenção — acrescenta o titular da pasta, citando restaurações recentes realizadas no Laçador, em esculturas do Parque Farroupilha (Redenção), no monumento de Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana, idealizado por Xico Stockinger em coautoria com Eloisa Tregnago, entre outros.
— No caso da Pegada, é uma obra importante no contexto do projeto do Percurso do Museu do Negro — cita o historiador da arte José Francisco Alves, autor de A Escultura Pública de Porto Alegre, livro lançado este ano.
Segundo o historiador avalia, a obra tem muita qualidade.
— Do ponto de vista plástico, é uma obra feliz, discreta e tranquila no piso. Foi muito bem executada — elogia.
Alves destaca ainda a importância de se promover a manutenção das obras de arte da Capital.
— Agora se colocou o livro no monumento do Drummond e do Quintana. Temos que celebrar quando se faz isso — conclui.
Saiba mais
O Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre é um projeto que procura destacar a representatividade da comunidade afro-brasileira gaúcha por meio de instalações artísticas em diversos espaços públicos no Centro Histórico.
A primeira etapa do museu a céu aberto foi concluída com a inauguração da obra Tambor, na Praça Brigadeiro Sampaio, em 2011. Em seguida, chegaram a Pegada Africana, na Praça da Alfândega, o Bará do Mercado, no Mercado Público, e, por fim, o Painel Afrobrasileiro, no Chalé da Praça XV.
O Bará do Mercado Público foi tombado como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre em 18 de dezembro de 2020. Para os adeptos de religiões de matriz africana, no centro do edifício fica assentado o orixá Bará. Conforme a crença do batuque — derivada da nação religiosa do Cabinda, uma versão do Exu no candomblé —, trata-se da entidade que abre os caminhos, o guardião das casas e das cidades e que representa o trabalho e a fartura.