A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou na última quinta-feira (18) com 28 votos favoráveis e dois contrários, o projeto de lei que tomba o Bará do Mercado Público como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre.
O Mercado Público, espaço comercial mais antigo de Porto Alegre, têm relevância para praticantes de religiões de matriz africana pois acreditam que, ao centro do edifício, está assentado o orixá Bará, que, na crença do Batuque — derivada da nação religiosa do Cabinda, uma versão do Exu no candomblé —, é a entidade que abre os caminhos, o guardião das casas e das cidades e que representa o trabalho e a fartura.
De acordo com a proposta, aprovada com uma emenda, existem muitas polêmicas sobre o Bará do Mercado, mas duas versões são as mais conhecidas.
"A primeira conta que o Bará teria sido assentado (assentar significa fixar o orixá em determinado objeto por meio de práticas rituais específicos pelos próprios negros que construíram o Mercado). Essa prática, então, era muito comum entre eles na África, ao construírem seus mercados, uma vez que o orixá representa a fartura e abastança. Outra versão é a de que a ideia de assentar o Bará foi do Príncipe Custódio. Quando ele na Capital, trouxe cultos da África, e, como um grande líder religioso, decidiu fazer o assentamento dos orixás em Porto Alegre", explica o texto da proposta.
A Prefeitura lançou em 2019 edital para “Concessão de Uso para reforma, restauração, requalificação, manutenção, gestão e operação do Mercado Público Central de Porto Alegre” e na minuta do edital não existe qualquer tipo de proibição acerca de modificação ou alteração do espaço central, local de extrema importância à comunidade africanista.