Chama atenção, nas últimas semanas, uma movimentação com jeito de obra na área do antigo Estaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre. A construtora Melnick Even começou a montar um showroom para apresentar o projeto e vender unidades do empreendimento previsto para o local. As obras podem começar ainda neste ano.
— Nós já recebemos praticamente todas as licenças da prefeitura. Falta a última etapa, que a gente espera obter nas próximas semanas — disse Juliano Melnick, sócio-diretor da Melnick Even.
Alvo de polêmicas há quase uma década, o projeto Parque do Pontal aguarda pela licença de instalação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) para que os trabalhos tenham início na área. O órgão tem até 180 dias para responder ao pedido, que ingressou na prefeitura em março. A expectativa, no entanto, é de que a solicitação seja atendida até o mês que vem.
Apenas após a liberação do poder público a empresa pretende apresentar à imprensa o projeto final — que sofreu modificações em relação ao anterior. O projeto divulgado até meses atrás previa a construção de duas torres comerciais — um delas abrigaria um centro médico —, um shopping de 30 mil m² — metade do BarraShoppingSul —, uma megaloja da Leroy Merlin e um parque público de cerca de 3,6 hectares às margens do Guaíba.
Anos atrás, a área do Estaleiro Só esteve no centro de acirradas discussões na Capital. Uma das razões era que proposta dos construtores incluía imóveis residenciais junto à orla. Após uma mobilização contra o projeto, a prefeitura promoveu uma consulta popular e, em agosto de 2009, 18 mil votantes — 80% de quem participou do plebiscito — barraram a construção de apartamentos, limitando a exploração da área ao uso comercial.
Em 2015, duas audiências públicas realizadas para apresentação e discussão do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do empreendimento levantaram questionamentos sobre o projeto. Entre os pontos abordados, estavam dúvidas sobre o projeto de iluminação, o fato de o teste sobre a circulação de ar ter sido feito em altura de 10 metros — sendo que a torre comercial prevista seria de 80 metros —, a necessidade de instalação de um dique com cota superior a 5,13 metros, a ausência de contrapartidas e de consulta aos moradores do bairro Cristal e uma eventual necessidade de o projeto ter de passar pela Câmara Municipal, uma vez que teria impacto significativo na região. GaúchaZH pediu acesso ao documento atualizado, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.