Em entrevista ao programa Gaúcha+, a deputada federal Alê Silva (PSL-MG) detalhou as ameaças que afirma ter recebido do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, após denunciar um esquema de candidaturas laranja.
À revista Época, Alê Silva afirmou temer que o ministro "simulasse um acidente" contra ela.
— Algumas pessoas que andam com ele são pessoas perigosas, que moram no Vale do Aço, em Governador Valadares, e que a gente teve informações seguras de que são pessoas capazes de praticar esse tipo de ato. (...) Eu não tenho como entrar em detalhes com vocês, porque são informações que me foram repassadas por terceiros, e que oportunamente chegarão à Polícia Federal, o Ministério Público. São pessoas perigosas, a gente tem consciência.
Alê acionou a Polícia Federal após as ameaças e fez um pedido de proteção.
— Mas eu ainda acredito que ele não iria tão longe, né. Apesar de que a gente sabe da índole dele, ele é uma pessoa extremamente falsa. Ele disse que não é ligado à violência, mas outro dia, no aeroporto de Belo Horizonte, ele ameaçou bater em um rapaz. Mas como agora tem toda essa repercussão, acredito que não iria tão longe.
Ela afirmou que a primeira mensagem que recebeu foi de um interlocutor. Ele teria viajado mais de 200 quilômetros, de Belo Horizonte até Ipatinga, para não passar nada à deputada por telefone.
— Ele disse que o ministro estava com ódio mortal de mim, que não aguentava nem ouvir falar, que ele nem sequer me chamava pelo apelido, que é Alê, ele falava meu nome, Alessandra, e que ele estava disposto a parar a vida dele para acabar com a minha. E aí o interlocutor entendeu que isso era sim uma ameaça — disse a deputada.
De acordo com a deputada, a situação começou quando ela recebeu informações de que uma candidata laranja baseada em Governador Valadares estaria preocupada, pois havia pegado uma quantia expressiva do fundo partidário e não fez campanha. Ela recebeu em torno de 200 votos. De acordo com a denunciante, havia o envolvimento de uma gráfica do Vale do Aço.
A deputada, então, disse que entrou no sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e identificou quatro mulheres do partido que receberam valores elevados, mas tiveram uma votação ínfima, duas sendo do Vale do Aço. Foi aí, então, que ela disse perceber que se tratava de uma fraude.
— Foquei minha campanha no Vale do Aço, andei aquele lugar todo e nunca chegou às minhas mãos nenhum santinho dessas mulheres, nada via redes sociais.
Alê afirmou que, quando analisou as contas, percebeu que o dinheiro saiu da conta delas e foi parar na das empresas pertencentes ao assessor de Marcelo Álvaro.
— Eu pensei o seguinte: tá explicado porque eles querem distância da minha pessoa, é porque eles sabem que eu nunca concordaria com qualquer tipo de fraude.
Questionada sobre o trajeto do dinheiro, Alê afirma que não tem como saber se o montante voltava em espécie para o ministro.
— Se (o dinheiro) voltava diretamente pras mãos dele (Marcelo Álvaro) em espécie, eu não sei te dizer. Porque o dinheiro saiu da conta do partido, entrou na conta das mulheres, foi para a conta das empresas de assessores de Marcelo Álvaro. Porém, o caminho que tomou dali pra frente a gente não sabe, até porque o sistema não nos permite identificar. Isso está a cargo da Polícia Federal analisar.
Ela, ainda, afirmou que se o ministro não tivesse nenhum envolvimento com as fraudes, a primeira atitude seria afastar todo mundo, em vez de "premiar" os que foram apontados como integrantes do esquema.
— Ele não colabora com as investigações, quando ele tomou ciência de que (uma das) pessoas que fez as denúncias tinha sido eu, em vez de me procurar (...) ele começou a me atacar, começou a mandar recados através de interlocutores, começou a me pressionar. Só que eu entendo que ele não imaginava que eu ia ter coragem, sim, de ir à Polícia Federal, que eu ia ter coragem de pedir proteção.
Contraponto
Procurado pela reportagem, o ministro do Turismo afirmou ser "alvo de uma campanha difamatória" e que aguarda a conclusão das investigações por parte da Polícia Federal.
"Já apresentei à Polícia Federal provas de que tudo o que vem me atingido nos últimos dois meses é resultado de uma disputa local liderada por uma parlamentar que já deixou claro — e temos provas — que seu único objetivo é forçar minha demissão de olho no comando de diretórios regionais.", disse em nota.
Confira a íntegra da nota
"Tenho convicção de que mais uma vez estou sendo alvo de uma campanha difamatória iniciada por pessoas que não escondem que tiveram seus interesses contrariados e se esforçam para me desestabilizar.
Fica cada vez mais claro o envolvimento da Folha de S. Paulo numa disputa político-partidária sem princípios em que vale tudo para tentar atingir a honra do Ministro do Turismo. Já apresentei à Polícia Federal provas de que tudo o que vem me atingido nos últimos dois meses é resultado de uma disputa local liderada por uma parlamentar que já deixou claro — e temos provas — que seu único objetivo é forçar minha demissão de olho no comando de diretórios regionais.
Meu compromisso segue sendo a construção de um novo Brasil, com mais emprego e renda para nossa população. Confio no trabalho da Polícia Federal, Ministério Público e a Justiça, e sigo no aguardo da conclusão das investigações, confiante de que a verdade prevalecerá."