O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse nesta quarta-feira (10) que vai provar às autoridades que não promoveu nem orientou ninguém a promover candidaturas de laranjas no PSL de Minas Gerais nas eleições de 2018.
Na sexta (5), a Folha de S.Paulo mostrou que, após 30 dias de investigação, a Polícia Federal vê elementos de participação dele no esquema.
— Não houve candidaturas de laranjas em Minas. Ao final do processo eu vou provar com muita clareza que nunca promovi ou orientei ninguém a fazer qualquer situação desta natureza — afirmou Álvaro Antônio após participar de uma audiência pública no Senado.
Investigadores apuram inicialmente a suspeita do crime de falsidade ideológica. Outro crime em apuração é o de lavagem de dinheiro.
Depoimentos prestados, áudios obtidos pela PF e documentos colhidos levam a investigação ao ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro. O próximo passo é aprofundar as apurações para identificar qual foi a participação do ministro em eventuais crimes.
O jornal revelou em fevereiro que Álvaro Antônio, que era presidente do PSL em Minas Gerais na última eleição, patrocinou um esquema de candidaturas de laranjas com uso de verba pública eleitoral. Ele nega irregularidades.
O escândalo dos laranjas levou à queda do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Bebianno presidia o PSL durante as eleições de 2018.
Bolsonaro disse na última sexta-feira que "ainda não é o caso" de tomar alguma decisão sobre o futuro do ministro do Turismo e que aguarda o desfecho das apurações.
— Obviamente, o presidente Jair Bolsonaro é uma pessoa justa. O que ele está dizendo é que não vai tomar nenhuma medida com acusações. Acredito que o inquérito vai ser a melhor oportunidade para que eu possa comprovar a minha lisura em todas as ações à frente do partido em Minas — disse Álvaro Antônio, ao deixar o Senado.
Na audiência pública desta quarta-feira (10), a reduzida tropa de choque do governo atuou para blindar o ministro de questionamentos sobre a participação dele no esquema de candidaturas de laranjas em Minas.
Ação conjunta para evitar
perguntas em comissão
O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e os vice-líderes Izalci Lucas (PSDB-DF) e Eduardo Gomes (MDB-TO) agiram para evitar perguntas na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) foi a única a indagá-lo sobre as denúncias apresentadas pela Folha de S.Paulo.
Ela quis saber qual a diferença entre o caso de Álvaro Antônio e o do ex-ministro Gustavo Bebianno. Presidente da comissão e vice-líder do governo, Izalci pediu que o ministro se limitasse a responder sobre o tema do convite. O pedido foi repetido, logo em seguida, por Bezerra Coelho.
Eliziane reagiu afirmando ter garantia constitucional de fazer as perguntas que achar necessárias e que cabe ao ministro decidir responder.
No único momento em que falou sobre o assunto diante dos senadores, Álvaro Antônio disse ter agido sempre "estritamente dentro da legislação eleitoral".
— Nunca fiz nenhum procedimento inadequado que viesse macular a imagem do partido ou a minha — afirmou. — Este inquérito vai ser a melhor oportunidade que terei de provar que não tenho absolutamente nenhum problema ou nenhum procedimento inadequado à frente do partido em Minas.