Ministro do Turismo do governo de Jair Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio é suspeito de ter patrocinado esquema de candidaturas laranjas em Minas Gerais, Estado pelo qual se reelegeu deputado federal pelo PSL em 2018. Verbas públicas de campanha teriam sido direcionadas a empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara dos Deputados. As informações são da Folha de S.Paulo.
Conforme a reportagem, o partido repassou R$ 279 mil a quatro candidatas após indicação do diretório de MG — na época, presidido por Álvaro Antônio. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres candidatas.
Mesmo figurando entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, as quatro mulheres receberam juntas pouco mais de 2 mil votos, desempenho considerado insignificante e que poderia indicar candidaturas de fachada, com alguns atos de campanha mas sem empenho efetivo para vencer o pleito.
A Folha de S.Paulo aponta que "dos R$ 279 mil repassados pelo PSL, ao menos R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro". As candidatas são Lilian Bernardino, Mila Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar.
A Folha não conseguiu contato com Lilian e Naftali. De acordo com a reportagem, Mila disse que "fez campanha, mas encerrou a ligação após ser questionada sobre quais atos eleitorais havia realizado". Débora afirmou que "fez campanha com foco em familiares e amigos e que imprimiu e mandou distribuir material", mas que "não teve tempo para se dedicar às eleições porque é enfermeira particular e tem pacientes que não poderia abandonar".
Álvaro Antônio relatou, por meio da assessoria após contato da Folha, que "a distribuição do fundo partidário do PSL de Minas Gerais cumpriu rigorosamente o que determina a lei" e que "refuta veementemente a suposição com base em premissas falsas de que houve simulação de campanha com laranjas no partido."
Acrescentou que "fazer ilações sobre o valor gasto por qualquer candidato e a quantidade de votos que o mesmo conquistou é, no mínimo, subestimar a democracia e o poder de análise dos eleitores".
O ministro, segundo a reportagem, não respondeu a perguntas como quais foram os critérios utilizados por ele para a escolha das candidatas e para o volume de recursos repassados e se houve direcionamento dele ou de assessores para que elas usassem suas verbas nas empresas vinculadas a seus assessores.