Uma medida de segurança tomada após o ataque ao sistema do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é uma das explicações para a instabilidade apresentada no aplicativo e-Título, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, um dos principais servidores da Corte foi retirado da rede para servir como uma cópia de segurança de todas as informações relevantes da Justiça Eleitoral. Estando fora do sistema, uma eventual tentativa de ataque bem sucedida resguardaria o conteúdo.
Contudo, isso fez com que o outro servidor principal utilizado pelo tribunal ficasse sobrecarregado, explicou Barroso.
— Desligamento de primeiro servidor afetou o desempenho ótimo do e-Título, essa é uma das explicações — afirmou o ministro.
Os eleitores estão desde a manhã deste domingo (15) relatando instabilidades no funcionamento do aplicativo. Entre os relatos, os usuários afirmam não estar conseguindo consultar a zona eleitoral ou concluir a operação de justificativa do voto.
Barroso confirmou que há instabilidade para os dois problemas. Porém, o ministro ressaltou que a principal funcionalidade do e-Título atende normalmente aos eleitores, que é de identificação na seção eleitoral.
— Todas as pessoas que baixaram o e-Título no seu celular e o apresentaram para votar, ele teve funcionamento perfeito, sua principal funcionalidade operou de maneira totalmente adequada — disse.
O ministro disse que foram baixados cerca de 13 milhões de e-Títulos. Só nas últimas 24 horas, foram 3 milhões de downloads.
O presidente do TSE também destacou que a justificativa pelo aplicativo é uma novidade deste ano, e que as formas tradicionais para o eleitor explicar o motivo de não ter ido às urnas continuam funcionando normalmente.
Barroso lembrou que o cidadão pode, por exemplo, justificar hoje o voto pessoalmente ou, a partir desta segunda, preencher o formulário de justificativa. Mesmo com os problemas enfrentados, segundo ele, foram 560 mil justificativas até as 15h.
— Estamos em contato com empresa que produziu o aplicativo e o Google para regularização — disse ainda o ministro, que espera ter o problema totalmente resolvido no segundo turno das eleições.
Mais cedo, Barroso havia reconhecido que o aplicativo e-Título estava apresentando instabilidade momentânea, mas naquele momento, visita ao projeto Eleições do Futuro em Valparaíso de Goiás, no entorno do Distrito Federal, disse que isso se deve ao grande volumes de usuários que tentam baixar o aplicativo "simultaneamente" e de "última hora".
— Todo mundo baixando no último dia tem esse problema. Peço que as pessoas se empenhem e insistam — afirmou.
A informação também tinha sido confirmada pela área técnica do TSE. A orientação do TSE ao eleitor é que siga tentando usar o aplicativo, em alguns minutos depois.
"Eleitores não vão ficar na mão", diz secretário do TRE-RS sobre instabilidade no e-Título e problemas para justificar
Em entrevista à Rádio Gaúcha neste domingo (15), o Secretário de Tecnologia da Informação do TRE-RS, Daniel Wobeto, garantiu que os eleitores não vão "ficar na mão".
— Certamente os eleitores não vão ficar na mão, a Justiça Eleitoral vai achar algum caminho para poder permitir que os eleitores façam suas justificativas. Talvez seja conveniente se os eleitores possam dar um print de sua tela, se preferirem, para ter uma garantia maior. Entendendo que para quem der um print na tela, mostrando que está com essa dificuldade para justificar, fica mais fácil depois de comprovar perante à Justiça Eleitoral que tentou fazer a justificativa — recomendou.
Justificativa
No dia da votação, quem quiser pode justificar a ausência por meio do aplicativo e-Título. No entanto, isso só é possível se o eleitor estiver em outro município, já que o app usa um sistema de georreferenciamento e impede a justificativa se a pessoa estiver na mesma cidade onde vota.
Também é possível, no dia da eleição, justificar a ausência em qualquer seção eleitoral fora do município onde vota. No entanto, esta alternativa não é recomendada pelo TRE-RS, já que gera mais aglomeração e necessidade de contato com papel e caneta.
Após o dia da votação, o eleitor tem 60 dias para justificar a ausência em um cartório eleitoral, pelo site da Justiça Eleitoral (aba serviços eleitorais) ou também pelo e-Título. Na justificativa, no entanto, ele deve apresentar um comprovante de viagem, atestado médico ou outro tipo de documento que motive a ausência.
A multa para quem não apresentar justificativa válida ou para quem não fizer o processo no prazo é de R$ 3,51. Apenas o fato de estar incluído no grupo de risco não é um motivo aceitável.
O voto em trânsito não é possível no pleito de 2020, que reúnem os cargos de prefeito e vereador. Só é possível nas eleições gerais, que incluem o voto para presidente e vice-presidente.