Nos debates frente a frente, nas propagandas eleitorais e também nas redes sociais, o clima vem esquentando entre os dois candidatos a governador do Rio Grande do Sul neste segundo turno. A cinco dias da votação decisiva, Eduardo Leite (PSDB) manteve a temperatura alta em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta terça-feira (23) — a conversa com José Ivo Sartori (MDB) será na quarta (24) —, criticando a atual gestão em todas as respostas e culpando o que chama de "incapacidade" do governador para enfrentar a crise gaúcha.
— É curioso que a gente chegue ao final do mandato deste atual governador, que diz na propagando que "está certo", quando a realidade é de terminar o ano sem o recurso do 13º dos servidores e com a folha em aberto. Os indicadores de criminalidade cresceram, a educação estagnou, os hospitais não recebem em dia e fecham leitos, mas a propaganda diz que está certo. Não está certo, o Estado precisa de mudanças — afirmou Leite, em menção ao slogan da campanha de Sartori, que diz "O gringo tá certo".
O ex-prefeito de Pelotas disse que não tem "uma bala de prata" que vá resolver "sozinha" todos os problemas financeiros do Estado. Citou algumas das suas propostas, como manter as atuais alíquotas do ICMS por até dois anos e reduzir gastos públicos, e voltou a criticar resposta que Sartori deu à Zero Hora sobre propostas, já criticada no debate da Agert na segunda-feira (22).
— Ele disse que "na hora oportuna" vamos saber a opinião dele sobre determinados assuntos, espero que seja antes das eleições, porque é o momento de se conhecer a posição dos candidatos.
Questionado sobre a possibilidade de colocar os pagamentos dos servidores em dia, o tucano voltou a confirmar a promessa de campanha, que é regularizar a situação até o fim do primeiro ano de mandato, caso eleito:
— Eu tenho perfeita noção do que nos aguarda. Sei que a crise é real, que o atual governou não conseguiu superar, talvez por falta de habilidade, de capacidade.
Ao comentar o clima tenso que a campanha eleitoral alcançou, Eduardo Leite disse que o que mais lhe incomoda são as fakes news que surgiram a seu respeito. Como exemplo, citou uma foto sua fazendo um "L" com os dedos que, nas redes sociais, foi atribuída a um suposto apoio ao movimento "Lula Livre". Conforme o candidato explicou, na verdade, seria um sinal de "Laranjal", praia pelotense, no início de um verão enquanto era prefeito.
— Eu faço uma campanha com alegria, com amor, com o que me move na política. Infelizmente, os adversários, talvez no desespero, (porque a última) pesquisa mostra 18 pontos de vantagem da nossa candidatura, apelam nas redes sociais para baixaria, para boataria — disse o tucano.
Entre as promessas concretas apresentadas, Leite garantiu que vai lançar o edital de concessão da RS-287, que liga Santa Maria a Tabaí e já é alvo de uma campanha de duplicação, e da RS-122, que conecta a Serra à Região Metropolitana. Segundo ele, "é inadmissível" que o atual governo não tenha feito nenhuma licitação, tendo tido o marco regulatório de concessões lançado há mais de um ano e meio.
Também voltou a dizer que vai privatizar a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), a CEEE e a Sulgás, bem com extinguir a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), mas que manterá como estatais o Banrisul e a Corsan. Assim, disse que espera renegociar o plano de recuperação fiscal com o novo governo federal.
Criticando, novamente, a atual gestão, mencionou que, apesar de Temer e do seu chefe da Casa Civil serem do MDB de Sartori, "o Rio de Janeiro já assinou o acordo e o Rio Grande do Sul nem o pré-acordo".
— O Estado do Rio Grande do Sul tem tido uma incapacidade gerencial por conta da liderança tímida, acanhada do governador, que não conseguiu, mesmo com as condições políticas (favoráveis)... e veja bem, isso é uma crítica política, não estou fazendo nenhum ataque pessoal — salientou, de forma a rebater as críticas que tem recebido de Sartori, que tem pedido "respeito" ao tucano nos debates.
Ao longo de quase 30 minutos de entrevista, Eduardo Leite ainda comentou suas propostas para segurança, saúde e educação. Após fazer críticas à gestão das escolas estaduais, Leite foi confrontado pelo fato de que, em Porto Alegre, a administração da secretaria de Educação é do seu partido e, ainda assim, enfrenta graves problemas, como, por exemplo, falta de professores.
— Posso ser julgado pela minha própria história. Fui prefeito, eu não estou sendo promessa aqui. Já fui testado em governo e entreguei resultados — afirmou de pronto, enumerando feitos alcançados na sua gestão municipal. — Aliás, tudo que nós fizemos na educação em Pelotas foi sem ter um real novo na educação, simplesmente gerenciando melhor os recursos disponíveis.