Diante da ausência do PT no segundo turno da eleição estadual, os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul tentaram, em debate nesta segunda-feira (22), colar a imagem da legenda no adversário. De bandeiras semelhantes, Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB) buscaram demonstrar aos eleitores o seu discurso antipetista.
Durante uma hora e 15 minutos, os concorrentes ao Palácio Piratini enfrentaram-se no quinto embate do segundo turno. Mantendo a tensão latente dos encontros anteriores, trocaram ataques e críticas no programa organizado pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert).
— O nosso adversário usa uma linguagem muito semelhante à do (Miguel) Rossetto, que enfrentamos no primeiro turno. É a conversa igual do PT. Não existe nada de bom, tudo é ruim, nada serve, tudo errado, nada presta. Aí, está a nossa diferença — disse o governador.
— É o nosso adversário que parece com aquele discurso do PT: "nunca antes na história", "nunca se fez tanto". Tenho falado sobre os problemas, sem ataques pessoais, mas ele insiste em me dirigir ataques pessoais — revidou o ex-prefeito de Pelotas.
O clima tenso marcou os quatro blocos do debate. Durante os intervalos de cinco minutos, os oponentes sequer se olharam. Sentado, o emedebista era orientando aos sussurros pelos seus assessores. De pé, o tucano mexia no celular e bebia café enquanto ouvia dicas de aliados.
Nos minutos finais, ambos elevaram o tom. Sartori mencionou a sua ida ao ato em apoio a Jair Bolsonaro (PSL), no domingo (21), e questionou a ausência do adversário. Depois, mostrou-se incomodado com as investidas de Leite:
— Nunca mais diga que eu faltei com a verdade. Nunca mais. Eu não gosto que diga isso, acho um desrespeito e uma falta de lealdade. É uma ofensa que eu não quero carregar.
Em sua defesa, o tucano disse que iria "restabelecer algumas verdades" porque essa não poderia ser a "eleição das fake news".
— Agora, fala que foi lá na manifestação no Parcão. Mas a notícia que eu tenho aqui, de 2016, é que Sartori se posicionou contra o impeachment de Dilma Rousseff — contestou Leite.
Ao longo de todo o programa, os candidatos mantiveram-se atentos às pilhas de papéis que estavam sobre a mesa em frente. Na papelada, estavam as perguntas enviadas por emissoras de rádio do Interior, que foram pré-informadas às campanhas pela entidade, e as respostas preparadas pelas assessorias.
Em um dos questionamentos — sobre a privatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), da CEEE e da Sulgás —, Sartori acusou Leite de mudar de ideia para se beneficiar eleitoralmente. Ao lembrar que o PSDB rejeitou a proposta de plebiscito para a venda das estatais, o governador disse que o tucano preferiu "ficar do lado do PT, PC do B e PSOL":
— Uma hora diz uma coisa, outra hora diz outra... Eu fico preocupado porque não sei mais com quem estou discutindo, se é o candidato de ontem, o de hoje ou o de amanhã, que provavelmente vai falar diferente de novo.
Leite, por sua vez, criticou o atual governo. Afirmou que Sartori é "ágil" para cobrar impostos, mas "lento" para recuperar as contas estaduais. E acrescentou que quem tomou partido para fins eleitorais foi o adversário:
— Eu acho curiosa a sua posição sobre o Bolsonaro. Quando perguntaram sobre o seu desconforto com as ideias do Bolsonaro, o senhor disse que, na hora oportuna, teremos a sua opinião. O senhor está escondendo alguma coisa?
Na quinta-feira (25), ocorre o último embate entre os candidatos. O debate será exibido pela RBS TV, após a novela Segundo Sol.