Um dos pintores com mais obras no Acervo Municipal de Artes Plásticas (Amarp) de Caxias do Sul, Heitor Celi notabilizou-se por eternizar as paisagens e famílias da Serra a partir da década de 1940. E, de tempos em tempos, sua obra merece ser revisitada.
Filho de Madalena Pilla Celi e Luciano Celi, José Ettore Pilla Celli nasceu em 1º de fevereiro de 1907, em Porto Alegre. Foi em Caxias, porém, que ele alcançou projeção artística. Conforme informações do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, após a morte do pai - um industrial do ramo alimentício da Capital -, Heitor e a irmã Estela passaram a acompanhar a mãe em suas visitas à Serra Gaúcha.
Em meio ao contato com parentes daqui, Madalena conheceu o viúvo Anúncio Ungaretti, então pai de cinco filhos. Na sequência, os dois viúvos casaram, unindo a parentela - uma convivência que acabou contribuindo para que Heitor se estabelecesse como pintor e retratista de amigos e conhecidos da família.
Eberle, Mosele e Salatino
Desde cedo, Celi demonstrou gosto pelo desenho, um talento bastante incentivado pelos familiares. Em meados da década de 1930, o jovem decidiu morar no Rio de Janeiro, onde frequentou o curso de Belas Artes e, paralelamente, estudou Fotografia.
Acabou por unir a fotografia à pintura (foto-pintura), além de especializar-se em retratos a óleo. Quando passou a assinar suas obras, optou pelo nome Heitor Celi (seu segundo nome traduzido para o português).
Já na década de 1940, retornou a Porto Alegre, abrindo um atelier denominado "Stúdio de Arte e Fotografia", na então Rua da Praia (Andradas). A partir daí, eternizou em retratos e foto-pinturas diversos nomes da aristocracia caxiense, com quem mantinha relações e frequentava saraus musicais e literários.
Entraram aí personalidades como Alda Muratore Eberle (esposa de Júlio Eberle) e os filhos Cláudio e Maria Elisa; o casal Salvador e Marieta Salatino; o bispo Dom José Baréa; e os empresários Eduardo Mosele e Aristides Germani. Sua obra também englobou paisagens e retratos sob encomenda para a Metalúrgica Abramo Eberle.
Na foto que abre a matéria, uma das raras imagens do artista, em meados dos anos 1940. A foto acompanha o histórico mantido no Amarp juntamente com as 22 obras do pintor. Heitor Pilla Celi faleceu em Porto Alegre em 21 de maio de 1959. Ele tinha apenas 52 anos.
Acervo no Amarp
O Acervo Municipal de Artes Plásticas de Caxias do Sul localiza-se junto à Unidade de Artes Visuais (UAV), no Centro Municipal de Cultura Henrique Ordovás Filho. A unidade é responsável pela guarda, conservação, manutenção e registro das mais de mil obras, muitas delas oriundas da antiga Pinacoteca Aldo Locatelli, fundada em 1975.
Criado em 2004, o Amarp é cadastrado no Sistema Nacional de Museus (IBRAM). Já a Unidade de Artes Visuais (UAV) é responsável pela organização de diversas exposições, visando à circulação e apreciação das obras deste precioso acervo. Mais informações: (54) 3901.1316, ramais 201 e 202, ou uniartes@caxias.rs.gov.br.
Agradecimento especial a Mona Carvalho e Felipe Vitória, da Unidade de Artes Visuais, pelas imagens das obras de Heitor Celi.
Exposição na Festa da Uva de 1950
Na imagem acima, uma nota social publicada pelo Pioneiro em 9 de março de 1950, à época da Festa da Uva. Foi quando ele expôs no pavilhão localizado junto aos terrenos da antiga Cooperativa Madeireira Caxiense (atual Zaffari Centro). Consta no texto:
“No recinto da exposição têm despertado interesse os quadros do nosso conterrâneo Heitor Celli. Dono de temperamento artístico apreciável, Celli tem trabalhado constantemente com seu pincel. Daí os belos trabalhos que estão sendo admirados num dos ângulos da grande exposição. Além dos que foram apreciados naquele local, Celli pintou um grande quadro a óleo, retratando o governador Walter Jobim. Esta obra acha-se exposta no Pavilhão Artístico-Cultural e também tem sido muito apreciada.Os quadros do conhecido artista caxiense continuarão expostos até o encerramento da Exposição Agro-Industrial”.