Símbolo da religiosidade do bairro Rio Branco, a Igreja da Imaculada Conceição (dos Freis Capuchinhos) completa exatos 60 anos hoje. Foi em 8 de dezembro de 1961, celebrando o Dia da Padroeira, que a comunidade caxiense recebeu o novo templo – projetado em estilo gótico-romano para substituir a antiga igrejinha da paróquia, localizada na esquina das ruas General Sampaio e General Malet, posteriormente sede do Colégio Cenecista Santo Antônio.
A construção levou cerca de três anos. Após os trabalhos de nivelamento do terreno, iniciados em 1954, e de uma interrupção por dificuldades financeiras, as obras recomeçaram em finais de 1958 – movimentando não apenas o entorno do prédio do Correio Riograndense, da Editora São Miguel e do Convento Imaculada Conceição, como também centenas de fiéis, trabalhadores, vizinhos e moradores próximos.
Todo esse processo foi eternizado pela paróquia – tanto a partir de fotos aéreas quanto de detalhes das fundações, alicerces, paredes, portas, torres e telhado, conforme vemos nas imagens a seguir.
A paróquia
Criada pelo bispo Dom José Barea, a Paróquia Imaculada Conceição surgiu em 1949, época em que o Rio Branco era um dos tantos arrabaldes da cidade. A nova igreja, logicamente, começou a ser idealizada na esteira do crescimento da população e do bairro, verificado a partir dos anos 1950.
Matéria do Pioneiro de 2 de dezembro de 1961 reproduziu parte do texto do livreto de lembrança da inauguração:
“O bairro foi progredindo, e aos oito dias de dezembro de 1949 foi fundada a Paróquia da Imaculada Conceição, que contava então com 350 famílias e 1.750 almas. Atualmente, por ocasião da inauguração da nova Igreja Matriz, a paróquia conta com 2.125 famílias e 10.630 almas”.
A saber: à época da inauguração, em 1961, a igreja tinha como vigário o Frei Nelson, atuante na paróquia desde fevereiro de 1958 e um dos responsáveis por erguer a nova matriz. O trabalho ficou a cargo do engenheiro Bruno Félix Rossi e do “desenhista” Bertagna.
Detalhes da obra
O livreto oficial da inauguração, mantido no acervo do Museu dos Capuchinhos (MusCap), enumerou as quantidades de material necessário para a construção: 7.280 sacos de cimento, 350 mil tijolos, mais de 70 mil quilos de cal e 150 mil quilos de ferro.
Cinco anos depois, em 1966, surgiria outro ponto obrigatório para o lazer e os almoços, jantares e festas da comunidade do bairro: o salão paroquial, junto a uma vasta área verde, posteriormente ocupada pelo estacionamento.
O Frei Ambrósio
Impossível falar da Igreja dos Capuchinhos sem recordar do Frei Ambrósio Tondello. Quem frequentou ou se confessou no templo entre 1960 e 1990 não esquece da simplicidade, da voz suave e do sorriso tranquilo do religioso, sempre disposto a ouvir e oferecer uma palavra de conforto em qualquer situação. Não por acaso, Frei Ambrósio tornou-se um dos maiores símbolos da paróquia.
Falecido em 17 de abril de 1990, aos 77 anos, o confessor mais famoso do bairro foi velado em uma Igreja dos Capuchinhos lotada – consta que cerca de 20 mil pessoas, vindas de várias cidades da região, compareceram à despedida. Durante a missa, celebrada pelo bispo Dom Paulo Moretto, também foi decidido que o sepultamento do frei seria na igreja onde ele atendeu diariamente por 30 anos. Até hoje, Frei Ambrósio é o único enterrado no local.