O centenário ocorreu no início do mês, mas nunca é tarde para recordar dos primórdios do maior símbolo religioso de Serafina Corrêa: o Santuário Nossa Senhora do Rosário (Igreja Matriz), cuja pedra fundamental foi lançada em 3 de outubro de 1921.
Toda essa história remete a um ano antes, mais precisamente ao dia 15 de agosto de 1920, quando o então povoado Linha Onze, à época 5º distrito de Guaporé, recebeu o sacerdote Ernesto Cansoni, primeiro padre carlista a atuar na paróquia. Ao encontrar uma capela em madeira, Cansoni buscou a ajuda da comunidade para construir um templo novo em alvenaria, conforme consta no livro ata da Paróquia de Serafina Corrêa.
“Tendo achado uma matriz de madeira, procurei, com o auxílio do povo, levantar uma matriz monumental, de material”.
Bênção em 1921
A iniciativa do padre começou a tomar forma cerca de um ano depois. A solenidade de lançamento da pedra fundamental, em 3 de outubro de 1921, contou com a presença de autoridades, religiosos, comunidade e comissão de fiscalização – tudo devidamente registrado e detalhado em ata:
“Padre Ernesto Cansoni, auxiliado pelo padre Aneto Bogni, lançou a pedra fundamental da nova igreja paroquial, depois de benta solenemente”.
Vale do Taquari. Na sequência, os trabalhos foram acompanhados por uma comissão executiva formada por nomes como Pedro Zambenedetti (presidente e tesoureiro), José Girardi (secretário e oficial do Registro Civil), Luiz Bergamini, José Boff, João Batista Bordignon, Hermínio Maccari, Valentin Badin e Aquiles Cervieri (conselheiros).
Já a primeira missa solene na nova igreja ocorreu em 14 de outubro de 1924, contando com a visita pastoral de Dom João Becker, arcebispo de Porto Alegre. Um fato curioso é que, neste mesmo ano, Serafina Corrêa deixou de ser distrito de Guaporé – por uma decisão do coronel Agilberto Atílio Maia, intendente de Guaporé. Porém, devido à importância comercial e industrial do povoado, no ano seguinte Serafina voltou à condição de distrito.
A saber: Serafina Corrêa emancipou-se de Guaporé em 22 de julho de 1960. Em 2015, recebeu o título de Capital Nacional do Talian. Desde então, tem o dialeto como língua co-oficial.
Uma nova casa paroquial
Em 19 e 20 de novembro de 1929, durante uma nova passagem de Dom João Becker pelo povoado, o arcebispo comentou sobre a estrutura da Matriz e as necessidades para a construção de uma nova casa paroquial:
“A Igreja Matriz é nova, espaçosa, sem pavimento definitivo, mas já em preparação. A igreja custou cerca de 200 contos de réis. Os altares são ainda provisórios. A casa paroquial é de madeira e tão velha e mal dividida que deve ser substituída por uma outra de material”.
Anos mais tarde, em 16 de novembro de 1933, Becker escreveu:
“A igreja foi dotada de um novo pavimento de mosaico de cimento e uma abóbada de cimento armado, novo altar, numerosos bancos de madeira de lei, tudo isto por iniciativa e sob a direção do atual vigário. Além disso, construiu uma nova casa paroquial e dois andares (atual Casa Canônica), casa ampla e confortável."
Reformas em etapas
Entre as décadas de 1950 e 1980, a Igreja Matriz passou por três reformas. A primeira ocorreu em 1956, sob a direção do padre Francisco Lollato. Naquele ano, foi realizada a pintura interna e externa, e reformado o altar-mor – a imagem de Nossa Senhora foi posta no altar lateral.
A segunda reforma iniciou-se em maio de 1981, quando o conselho paroquial decidiu trocar o reboco, refazer a pintura externa e renovar o telhado de zinco. Por fim, em outubro de 1982, começaram os trabalhos na parte interna. Foi demolido o antigo forro de concreto e feito um novo, em estilo basilical. Também foram revestidos de mármore o piso e uma barra nas paredes.
A conclusão dos trabalhos deu-se em 13 de fevereiro de 1983, data em que a Matriz foi consagrada por Dom Urbano Allgayer como Santuário Diocesano de Nossa Senhora do Rosário.
Romarias
Em 1987/88, por ocasião do Ano Mariano, o santuário tornou-se o centro de inúmeras ações em conjunto com as paróquias vizinhas. Assim, nascia a primeira Romaria de Nossa Senhora do Rosário, introduzida pelo pároco Giovanni Simonetto e realizada em 29 de maio de 1988.
Atualmente, a romaria é a principal festa religiosa da comunidade serafinense, atraindo fiéis de diversas regiões da Serra Gaúcha.
Parceria
Textos e informações desta página são uma colaboração do leitor Elias de Marco, de Serafina Corrêa.
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