Na última semana, o pequeno município serrano de Paraí celebrou seus 55 anos de emancipação política. E dona Alda Pegoraro Roeder, leitora da coluna Almanaque Gaúcho, do colega Ricardo Chaves de Zero Hora, enviou a seguinte mensagem: “Gostaria, se possível, que publicasses esse texto, que é uma homenagem a minha família e a minha pequena cidade, que, nessa semana, completou seu cinquentenário. Agradeço de coração”.
Solicitação feita, pedido atendido pelo colunista Ricardo Chaves nesta segunda (13) e reproduzido aqui, visto que ambos trabalhamos com memórias dos leitores:
“Foi nessa casa grande e simples, em um lugarejo ainda distrito de Nova Prata chamado Paraí, que eu nasci. Era fim dos anos de 1950 quando minha mãe dava a luz a 14ª filha, algo inimaginável nos dias de hoje. Na época, era normal ter famílias numerosas, sem luxo, sem perspectiva, com poucas condições. Tínhamos apenas o necessário, porque o necessário nos bastava, éramos felizes s ó com ele, pois, nele estava contido o amor, e esse sentimento foi o combustível que nos tornou o que somos hoje: uma família enorme e feliz, que busca um no outro a peça que falta para completar o quebra-cabeça desse jogo chamado vida”.
Primeiros habitantes
Por volta de 1880, o território que hoje forma o município de Paraí pertencia a fazendeiros do município de Lagoa Vermelha. Eram proprietários das terras os senhores Afonso Dias, Máximo Subtil de Oliveira, Mauricio Nunes de Assunção e Crispim Dias, entre outros. No início de século 20, colonizadores como Jacó Simon, Caetano Bellincanta e Henrique Lenzi adquiriram parte dessas terras, dividindo-as em lotes menores, que foram vendidos a imigrantes, especialmente italianos, mas também vários portugueses e alguns alemães e poloneses.
Parados por causa da neve
Conforme registros do padre Félix Busatta, a região que atualmente abrange os municípios de Paraí e Nova Araçá era denominada, antes de 1890, de Mato do Senhor, que significava “Terras de Deus”, terras devolutas, sem proprietários. Outro nome dado à localidade foi Gramadinho.
O “Paraí”, segundo a versão popular, deve-se à interrupção, fruto da forte nevasca de 1912, dos trabalhos dos agrimensores que faziam o traçado urbanístico do centro do lugar. Devido à circunstância, o grupo concordou em batizar o lugar com o nome Para-ahí, (escrevia-se Parahy), que correspondia à situação vivida por eles naquele momento: parados e imobilizados pela abundante neve.
Em 1932, quando o lugarejo foi desmembrado de Lagoa Vermelha e passou a ser o quinto distrito de Nova Prata, houve uma mudança de nome de Parahy para Flores da Cunha. Visto que já havia outro município da Serra com o mesmo nome, em 1938 foi retomado o nome Parahy. O batismo definitivo com a atual grafia ocorreu em 1943. Já em 9 de julho de 1965, a comunidade de Paraí conquistou sua emancipação de Nova Prata.
Parte dos textos desta página foi reproduzida do site da prefeitura de Paraí, a partir do trabalho da pesquisadora Simone Bordignon.