No último dia 26 de fevereiro, uma delicada operação quebrou a rotina de Serafina Corrêa, pequeno município de colonização italiana na Serra – e um dos que mais preserva e difunde o talian. Foi quando houve a substituição da cobertura da torre da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, inaugurada em 8 de maio de 1953 – a estrutura de 65 anos atrás, toda em madeira, foi substituída por uma de ferro galvanizado.
Logicamente, a história desse "cartão de visita" da cidade é prá lá de curiosa. E remete ao início da década de 1950. Foi o período em que o povo da localidade não andava muito satisfeito com o velho e humilde campanário de madeira – que já havia sido deslocado cinco vezes de lugar devido aos sucessivos trabalhos no traçado das ruas.
Tanto que, em 29 de janeiro de 1951, o padre Antônio Marcon cedeu à pressão dos fiéis e autorizou a construção de uma nova estrutura em alvenaria. Inspirado em fotos da torre da igreja de sua terra natal, Fonzaso, na Itália, o cônego pediu ao agrimensor Aimone Taverna que elaborasse um detalhado projeto, imediatamente aceito por todos.
A pedra fundamental foi depositada em 8 de maio de 1951 e, exatos dois anos depois, a torre era inaugurada com uma "badalada" celebração. Conforme informações do livro Paróquia Nossa Senhora do Rosário: 1905-2005: 100 anos de Fé e Devoção, o padrinho de honra foi o senhor Elvirio Perusso, que no momento cedeu o gesto de abrir a porta ao padre Luiz Pedrazzani. Já para puxar as cordas e badalar os sinos foram escolhidos os senhores Dovílio Costella, José Cella e Antônio Ziliotto.
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Imagens antigas
Na sequência abaixo, algumas imagens do velho campanário de madeira ao lado da Igreja Matriz, do início da construção do atual e da comunidade junto à base de pedra. Outra curiosidade é uma lembrança da inauguração da torre, em 8 de maio de 1953.
Os registros foram reproduzidos do site oficial da prefeitura de Serafina Corrêa e integram o acervo do Arquivo Histórico Municipal do município.
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A obra
No grande dia da entrega à comunidade, também foi distribuído uma espécie de memorial, com vários dados sobre a obra e seus mentores (abaixo).
:: Altura: 60 metros
:: Altura dos sinos: 28 metros
:: Altura dos relógios: 35 metros
:: Pirâmide de alumínio: 17 metros
:: Cruz: 2 metros
:: Padre vigário: Luiz Pedrazzani
:: Vigário Cooperador: Antônio Marcon
: Tesoureiro: Amantino Montanari
:: Arquiteto: Aimone Taverna
:: Construtor: Zelindo Boscardin
:: Responsável: Madureira & Bertagna
:: Pedreiros: Ampélio Grando, Cerilo Fornari, Gedi Ciarini, João Magon, Agostinho Zanlucchi, Teolides Grapiglia, Davide Ghisolfe e José Machado
Carpinteiro: Segundo Bordignon
A poesia
Por ocasião da inauguração, o padre Giovanni Simonetto compôs uma poesia dedicada à torre:
Sou flecha de prata
O azul me arrebata
Sou dedo de Deus
Indico-te os céus
Eu canto e eu choro
Eu rezo e imploro
De noite e de dia
Invoca Maria
O meu coração
É feito de bronze
Convoca os da Onze
Para a oração
Din, Din, Dan
Din, Din, Don
O olho meu grande
Em torno se expande
Contempla extasiado
O teu povoado
E vê tua casinha
Tua roça, tua vinha
E vê, triste e sério,
O teu cemitério
Os sinos
Conforme o Livro Tombo da Paróquia, “no dia 2 de junho de 1914 foram encomendados três sinos com peso de 1.600 quilos. O 1° Sino em Sol b, com 760 quilos, este leva incisa a cruz e as palavras N. S. Do Rosário. O 2º Sino em Lá b, com 520 quilos, incisa a imagem de Santo Estevão e as palavras S. Estêvão. O 3º Sino em Si b, com 360 quilos, incisa a imagem de Santo Antônio e as palavras S. Antonio”.
A data não é precisa, mas a paróquia estima que os sinos e o primeiro campanário foram inaugurados no final de 1916.
Parceria
Parte das informações desta página foi publicada originalmente na coluna Almanaque Gaúcho, de Zero Hora.
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