O lançamento estava previsto para este sábado, na Feira do Livro, mas, em função da pandemia, teve de ser adiado. Falamos da publicação O Outro Lado da Júlio, do arquiteto e urbanista Roberto Filippini, responsável por mapear a principal avenida de Caxias sob os mais diversos aspectos - de ontem e de hoje.
Conforme o autor, as informações históricas e as memórias contidas no livro caracterizam-se como uma proposta-meio e não como um fim em si mesmas. Ou seja, todo esse conteúdo, somado a várias outras manifestações da sociedade, pode auxiliar em uma discussão sobre a permanência da avenida no futuro da cidade.
– A ideia é alavancar e multiplicar o sentimento de pertencimento. Não só daqueles que são descendentes de famílias tradicionais, mas incluindo os que chegam a Caxias e, com respeito ao passado local, se somam ao processo, para buscar uma finalidade comum. Isso motiva a corresponsabilidade, para facilitar a gestão sobre seus destinos – explica.
Centro Histórico e bairro Cinquentenário
Como urbanista, Filippini alerta ainda para uma necessidade de se observar a totalidade espacial da Júlio:
– Muitos a veem somente pelo Centro Histórico, mas a avenida nos mostra uma bagagem significativa de experiências humanas. Elas vão desde a estátua do Imigrante, com o olhar subjetivo para a perspectiva da via, até o bairro Cinquentenário, um espaço denso de instituições públicas, arquitetura modernista e de paisagem.
É dessa extremidade da via a rara imagem abaixo, destacando alguns de seus símbolos no início dos anos 1970: o Senac, o Viaduto Tiradentes, a escola Dante Marcucci e o colégio Cristóvão de Mendoza, vistos a partir do Parque Cinquentenário. Na sequência, vemos a avenida captada durante um desfile dos alunos do Cristóvão em 1967.
– Em todo o trajeto e em cada trecho está presente uma tradução temporal das experiências humanas, visíveis e invisíveis, plenas de expressões do trabalho, da arte e da criatividade do caxiense em vencer as adversidades – conclui o autor.
Na estrada com Bob Dylan
Para despertar a sensibilidade do leitor, no início de cada capítulo, o autor incluiu epígrafes com poemas e trechos escritos por personalidades da cultura mundial, no sentido de melhor representar o assunto a ser abordado.
A ideia surgiu quando Filippini leu um poema de Bob Dylan, justamente no ano em que ele ganhou o Nobel de Literatura, em 2016. O trecho abaixo abre o capítulo “A Júlio como corredor de eventos”:
"A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada".
Como adquirir
O livro “Outro Lado da Júlio – Histórias e Memórias de uma Avenida”, do arquiteto e urbanista Roberto Filippini, tem financiamento da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Municipal e é comercializado na barraca número 2 da livraria Do Arco da Velha, na Praça Dante Alighieri, ao valor de R$ 30.