Por Sara Roversi, diretora-executiva do Future Food Institute, com sede na Itália
Acreditamos em um mundo no qual as tecnologias são implantadas para fazer coisas melhores. Para todos. No Future Food Institute abraçamos a academia e a pesquisa como um meio de sustentar nossa missão com fatos e números. No ano passado, concentramos nossos esforços em estudar o futuro das proteínas, a inovação agrícola nas cidades inteligentes e a sustentabilidade dos serviços e alimentos.
A perspectiva de nossas recomendações de políticas permanece global: ninguém pode se dar ao luxo de ficar alheio a isso, diante dos grandes desafios deste século. Um deles é a revolução digital, o desenvolvimento exponencial de novas tecnologias que reescrevem radicalmente nosso cotidiano, nossos relacionamentos, nossos empregos e nossos modos de conceber, acessar e consumir cultura.
A comida, nesse contexto, desempenha papel secundário. A ruptura social, econômica e política provocada pelas novas tecnologias pode ser trazida ao alimento. A comida é uma língua global, um esperanto de cores, cheiros e sabores que tem o poder de trazer diversas pessoas para a mesma mesa. Conecta indivíduos, indústrias e países. É um meio para curar os males da nossa sociedade, que é dividida, polarizada e atomizada. E moldá-la para sempre. Para isso, precisamos pensar em soluções que utilizem os benefícios das novas tecnologias para a sociedade.
A agricultura emprega mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e é responsável por muitos dos danos causados pelos seres humanos ao ambiente. Precisamos repensar a agricultura e defini-la dentro da perspectiva de desenvolvimento global e sustentável. Na Europa, temos um ecossistema sólido e crescente de startups e empresas estabelecidas, que trabalham para garantir um futuro sustentável para a indústria de alimentos. Daí para toda a economia.
A comida é uma língua global, um esperanto de cores, cheiros e sabores que tem o poder de trazer diversas pessoas para a mesma mesa.
Os governos precisam reunir recursos e direcioná-los para projetos de agro tecnologia, sustentando (ao invés de substituí-los) a engenhosidade do setor privado. Quando se trata de estabelecer padrões, a China e os Estados Unidos, os maiores blocos econômicos do mundo, não são páreo para a União Europeia. No entanto, freneticamente, a Europa cumpre seus valores e possui as regulamentações ambientais mais progressistas do mundo. Esta é a força do modelo europeu: criatividade nos negócios complementada por uma visão voltada para o futuro. Isso é algo que o mundo pode aprender conosco. Começando com a comida e o futuro da agricultura.