Por Eduardo Logemann , diretor presidente do Grupo SLC
Thomas Robert Malthus publicou em 1789 a teoria de que a população mundial apresentava crescimento geométrico e a produção de alimentos tinha crescimento aritmético. Para ele, o mundo não seria capaz de produzir o suficiente para alimentar seus habitantes. As revoluções industriais e os avanços da agricultura resolveram o problema. Hoje, somos quase 8 bilhões e produzimos comida para todos, apesar de ainda existirem pessoas famintas, mas não por escassez, e sim por dificuldade de acesso provocadas por problemas políticos e sociais.
A mecanização da agricultura ao longo do século 19 e a chamada revolução verde do século 20 intensificaram a fertilização do solo, o melhoramento genético, a irrigação e o desenvolvimento de químicos para proteger as culturas das pragas e doenças, proporcionando aumento geométrico na capacidade de produzir. Ou seja, a questão de quantidade foi resolvida. A grande pergunta de hoje é, seremos capazes de plantar cada vez mais, de forma sustentável e produtos de alta qualidade? Qual a melhor tecnologia de produção, a orgânica ou a tradicional, ou ambas?
Acredito profundamente que a agricultura empresarial extensiva, que produzirá a abundância, e a agricultura familiar e orgânica, que atenderão nichos de mercado, conviverão lado a lado complementarmente
As respostas parecem complexas, mas vou tentar explicar de forma simples. Sempre que se produz uma cultura, é utilizada água, solo, nutrientes, energia solar e se aplica defensivos agrícolas para evitar que as pragas e doenças destruam o cultivo, assim como as pessoas tomam medicamentos para controlar doenças. No campo, quanto maior a produtividade por hectare, menor será a área plantada. Se o rendimento por hectare é baixo, é preciso expandir para novas fronteiras. Acredito que a agricultura empresarial extensiva, que produzirá a abundância, e a agricultura familiar e a orgânica, que atenderão nichos de mercado, conviverão lado a lado.
Felizmente, a agricultura evoluiu, e hoje podemos afirmar que desenvolvemos uma produção sustentável, tanto econômica e agronomicamente, quanto ambiental e socialmente. O domínio tecnológico do sistema de produção, a fertilização, os defensivos ambientalmente amigáveis e as técnicas de cultivo permitem aumentar o rendimento com menor impacto na natureza. Além disso, as ferramentas da agricultura digital possibilitam medir com precisão a qualidade das operações, obter a rastreabilidade dos produtos e maximizar a eficiência no uso de insumos e de recursos naturais.
A agricultura antiga gerava escassez e disputa por alimentos. A moderna oferece abundância. A maior população e a maior renda per capita geram demanda por alimentos nutritivos e saudáveis. Esse é o papel da agricultura, produzir a quantidade necessária, de forma sustentável, capaz de oferecer rastreabilidade e produtos de alta qualidade aos consumidores.