Na Copa do Mundo de 1970, o Brasil cantava para os 90 milhões em ação torcerem pela seleção de futebol. De lá para cá, a nação cresceu: segundo projeção da população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (25), há hoje 208,5 milhões de brasileiros. Só que essa curva de crescimento tem data de validade: a partir de 2048, a população brasileira começará a diminuir.
O fenômeno já ocorre em países desenvolvidos e afetará, pela primeira vez o Brasil, o que deve pressionar o Estado a elaborar políticas públicas voltadas aos idosos.
O chamado "crescimento negativo" era um cenário já previsto por geógrafos e estatísticos em função da queda na taxa de natalidade da população e da maior expectativa de vida– graças a avanços como maior acesso a saneamento básico e melhores tratamentos de saúde. Na prática, o Brasil terá cada vez mais cabelos brancos.
Em 2018, há 43 idosos para cada cem crianças no Brasil. Em 2060, o IBGE projeta que a proporção de idosos saltará para 173.
— Se antes tínhamos políticas públicas focadas em crianças, agora os idosos terão que ser a prioridade, já que serão um percentual cada vez maior da população — avalia Ademir Koucher, supervisor de informações do IBGE no Estado.
Idade
A média de idade da população brasileira é 32,6 anos em 2018. O Acre é o Estado que tem a menor média (24,9 anos). Já o mais envelhecido é o Rio Grande do Sul, com 35,9 anos.
Conforme o estudo, em 2060, um quarto da população (25,5%) terá mais de 65 anos. No total, para cada 100 pessoas com idade de trabalhar, que é a faixa compreendida entre 15 e 64 anos, o país teria 67,2 indivíduos acima desta idade ou abaixo de 15 anos. No nível do Brasil, o índice em 2018, indica que o país tem 43,2 crianças de até 14 anos para cada 100 idosos com 65 anos ou mais. Em 2039, a projeção aponta que o indicador vai passar de 100, o que representará mais pessoas idosas que crianças.
O estudo mostra que, em 2029, o Rio Grande do Sul deverá ser o primeiro a ter uma proporção maior de idosos do que de crianças de até 14 anos. Mas em 2033, o Rio de Janeiro e Minas Gerais deverão ter relação semelhante. Com comportamento diferente, o Amazonas e a Roraima vão continuar com mais crianças e idosos até o limite da projeção em 2060.
Expectativa de vida
Com 79,7 anos, Santa Catarina, que, atualmente, tem a maior esperança de vida ao nascer para ambos os sexos, subirá para 84,5 anos em 2060. O Maranhão, com a menor expectativa de vida ao nascer (71,1 anos) em 2018, vai perder a posição para o Piauí que em 2060, terá a taxa de 77 anos.
Hoje, o Rio Grande do Sul tem a quarta maior expectativa de vida do Brasil: 78,29 (acima da média brasileira, de 76,25). Em 2060, a expectativa gaúcha deve subir para 83,91, a segunda mais alta do Brasil (a média brasileira projetada é de 81,04).
Eleitores
O IBGE informou que, em 2018, o Brasil tem 160,9 milhões potenciais eleitores, ou seja, pessoas com 16 anos ou mais. Em comparação com 2016 houve uma elevação de 2,5%, quando havia 156,9 milhões nesta faixa de idade.
A pesquisa
A projeção detalha a dinâmica de crescimento da população brasileira, acompanhando suas principais variáveis: fecundidade, mortalidade e migrações. Além de projetar o número de habitantes do Brasil e das 27 unidades da federação no período entre 2010 e 2060. O estudo é uma parceria do IBGE com órgãos de planejamento de quase todos os estados brasileiros e segue as recomendações da Divisão de População das Nações Unidas.
*Com informações da Agência Brasil.