A variação cambial, que tanto ajudou a valorizar o preço das commodities em reais ao longo do ano, agora cobra o seu preço. A inflação do agronegócio, medida pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), mostra que a safra que está sendo semeada agora será a mais cara desde o início da série histórica, em 2010.
Efeito da mesma variação cambial, porque na hora em que o dólar superou a barreira dos R$ 4, o agricultor estava plantando e não vendendo. Isso significa despesas maiores para a formação da lavoura.
Fertilizantes ficaram 32% mais caros em setembro. Resultado da alta do produto na moeda americana e da desvalorização do real. Para se ter uma ideia, a cotação do dólar no mês passado estava 28% maior do que no início do ano e 4,58% acima do registrado em agosto deste ano.
Ou seja, neste momento, o produtor está vivendo o outro lado da variação cambial. E o grande problema é que não há garantias de como estará o cenário no momento da venda, lá em 2019.
Neste ano, não foi o valor na Bolsa de Chicago que garantiu a rentabilidade, mas sim, a variação cambial. Assim como os preços elevados dos prêmios para o produto brasileiro, que refletiram a batalha comercial entre Estados Unidos e China.
Por isso, mais do que nunca, o momento exige gestão da propriedade. Todos os recursos terão de ser milimetricamente controlados para evitar desperdício.
– Terá de ser tudo muito bem planejado. Porque quando os aumentos vêm de fora da porteira, a margem de mobilidade que o produtor tem para se defender é baixa – avalia Antônio da Luz, economista do Sistema Farsul.
Outro mecanismo que pode dar alguma previsibilidade na venda é travar o preço, nas culturas em que isso é possível.