No que depender do dólar, 2018 deverá ser lembrado como um ano em que os custos chegaram a patamares históricos. A inflação do agronegócio, medida pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), mostra que, impulsionados pelas cotações da moeda americana, os gastos com a próxima safra cresceram: 3,68% só em setembro.
No acumulado em 12 meses, a alta é a maior desde 2015. É verdade que os preços recebidos também ficaram maiores, mas o que preocupa é o fato de que a produção vendida neste ano é a do ciclo passado, enquanto que o desembolso é para a colheita do ano que vem.
Os bons valores das commodities em reais foram resultado da relação com o câmbio e dos prêmios, mas não há garantia de que essas condições se manterão em 2019, na hora da venda.
– Estamos plantando a safra mais cara, e poderá ficar ainda mais, porque os preços de combustíveis estão em alta – diz Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Pesou muito em setembro o aumento dos fertilizantes, de 38%. O produto ficou mais caro em dólar e ainda mais em reais.
No arroz, até áreas pequenas exigirão gasto “milionário”.
– É uma lavoura extremamente cara – reforça Henrique Dornelles.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires concorda que a escalada dos valores a serem desembolsados é motivo de preocupação. Mas avalia que muitos agricultores compraram insumos ainda no primeiro semestre, conseguindo escapar um pouco da alta do câmbio:
– A formação de custos foi antes da cotação superar os R$ 4.
O problema, pondera Luz, é que, quando “os aumentos vêm de fora da porteira, a margem de mobilidade que o produtor tem para se defender é baixa”.
– Esse cenário exigirá controle de cada gota de produto, cada operação de máquinas. Tem de ser tudo muito bem planejado para que haja o mínimo de desperdício – orienta.