Gisele Loeblein

Gisele Loeblein

Jornalista formada pela UFRGS, trabalha há 20 anos no Grupo RBS e, desde 2013, assina a coluna Campo e Lavoura, em Zero Hora. Faz também comentários diários na Rádio Gaúcha e na RBS TV.

Mercado agrícola

RS está plantando safra mais cara 

Impulsionados pelas cotações do dólar, itens como fertilizantes aumentaram 38%, fazendo os gastos com as lavouras crescerem 3,68% no mês de setembro

Gisele Loeblein

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No que depender do dólar, 2018 deverá ser lembrado como um ano em que os custos chegaram a patamares históricos. A inflação do agronegócio, medida pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), mostra que, impulsionados pelas cotações da moeda americana, os gastos com a próxima safra cresceram: 3,68% só em setembro.

No acumulado em 12 meses, a alta é a maior desde 2015. É verdade que os preços recebidos também ficaram maiores, mas o que preocupa é o fato de que a produção vendida neste ano é a do ciclo passado, enquanto que o desembolso é para a colheita do ano que vem.

Os bons valores das commodities em reais foram resultado da relação com o câmbio e dos prêmios, mas não há garantia de que essas condições se manterão em 2019, na hora da venda.

– Estamos plantando a safra mais cara, e poderá ficar ainda mais, porque os preços de combustíveis estão em alta – diz Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.

Pesou muito em setembro o aumento dos fertilizantes, de 38%. O produto ficou mais caro em dólar e ainda mais em reais. 

No arroz, até áreas pequenas exigirão gasto “milionário”.

– É uma lavoura extremamente cara – reforça Henrique Dornelles.

Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires concorda que a escalada dos valores a serem desembolsados é motivo de preocupação. Mas avalia que muitos agricultores compraram insumos ainda no primeiro semestre, conseguindo escapar um pouco da alta do câmbio:

– A formação de custos foi antes da cotação superar os R$ 4.

O problema, pondera Luz, é que, quando “os aumentos vêm de fora da porteira, a margem de mobilidade que o produtor tem para se defender é baixa”.

– Esse cenário exigirá controle de cada gota de produto, cada operação de máquinas. Tem de ser tudo muito bem planejado para que haja o mínimo de desperdício – orienta.

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