Mais do que uma safra recorde de 31,51 milhões de toneladas de grãos, com impacto econômico de R$ 34,23 bilhões à economia gaúcha, a projeção apresentada pela Emater na 41ª Expointer reafirma o cenário de expansão da soja na Metade Sul. A área cultivada com a oleaginosa deve crescer 2,3% no Estado. Na regional de Bagé, o percentual é de 8,82%.
Mas se o grão dourado ganhou terreno nessa nova fronteira, o rendimento obtido na região ainda não se equivale ao das zonas mais tradicionais. Para se ter uma ideia, a produtividade na região de Passo Fundo é de 62 sacas por hectare. Na de Bagé, esse número cai para 41 sacas. São 21 sacas de diferença.
Considerando o preço médio da soja de R$ 78,83, isso representaria R$ 1,65 mil a mais ou a menos, dependendo da localização, por hectare. Ou seja: uma diferença que pode representar a rentabilidade ou o prejuízo para o agricultor.
Isso quer dizer que a soja não deve ser cultivada na Metade Sul? Não, de forma alguma. Significa apenas que é preciso observar as particularidades da região para fazer o cultivo render. A utilização de sistemas de irrigação e o tratamento adequado do solo são apenas algumas das ferramentas.
Uma dessas particularidades vem justamente do clima. A falta de chuva costuma castigar de forma mais intensa o sul — na safra colhida em 2018, houve perdas na região. Aliás, o volume de uma tonelada a mais que se espera colher na próxima safra de verão no total de grãos produzidos no RS reflete, como observa o diretor técnico da Emater, Lino Moura, o aumento da área, mais a recuperação dos patamares de produtividade em relação ao ciclo passado.
— Se houver clima normal, tenho certeza de que estaremos anunciando safra acima dessa projeção — estima Moura.
O otimismo se justifica. Esse levantamento inicial da Emater é feito com base na média das últimas 10 safras colhidas no Estado. E, nesse período, somente em 2012 a seca fez sombra ao resultado total. Os gaúchos ficaram, pode-se assim dizer, mal acostumados com as safras cheias. É por isso que prognósticos de um El Niño moderado para o próximo verão trazem um alerta de que a chuva poderá ficar escassa.
Por enquanto, o momento é de comemoração.
— Esse volume a mais que deverá ser produzido significa dinheiro no bolso dos produtores — disse Iberê de Mesquita Orsi, presidente da Emater.