Superação é a palavra que define a trajetória da goleira Lorena com a camisa da Seleção Brasileira. Convocada pela primeira vez em agosto de 2021, participou de todo o último ciclo e vinha como titular do Brasil. Mas, às vésperas da lista final à Copa do Mundo, rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho esquerdo e teve de ficar fora do Mundial. Agora, terá uma nova chance com a camisa canarinho: os Jogos Olímpicos.
— Para mim foi muito difícil, foi uma lesão que a minha família me ajudou muito a superar, porque veio numa grande fase, então eu não esperava, e acho que foi tudo fruto de um processo de aceitação. Todo atleta que rompe o LCA tem que passar pelo primeiro processo que é de aceitar que tem de ficar um ano parado, porque é muito difícil aceitar que é uma cirurgia que por vários momentos te engana. Tu começas a andar, aí tu pensas que está bem, começa a fazer academia, aí já bate aquela ansiedade de "quero voltar logo", e não é bem assim. Tem todo um protocolo que você tem que seguir — afirmou a goleira, em entrevista exclusiva ao podcast Resenha das Gurias.
Recuperada no início desta temporada, Lorena voltou a ficar à disposição do Grêmio na primeira rodada do Brasileirão Feminino, na partida contra o Corinthians. À época, no entanto, a técnica Thaissan Passos optou por mantê-la como opção no banco de reservas.
Por conta disso, Lorena voltou a ser chamada por Arthur Elias antes mesmo de voltar aos campos com a camisa do Grêmio. Em 15 de março, foi convocada pelo treinador. Mas só voltou a atuar pelo Tricolor no dia 24 do mesmo mês, contra o Fluminense.
— Eles estavam em contato com o pessoal do Grêmio e acho que foi tudo um consenso. Para mim, foi só alegria. Eu vinha treinando muito bem, por mais que eu não tinha jogado ainda, mas eu já tinha feito os amistosos na pré-temporada com o Grêmio, já tinha jogado, já estava com uma minutagem bem alta. Então, eles conversaram e me convocaram — relembrou Lorena.
O retorno da goleira com a camisa da Seleção Brasileira foi em 6 de abril. Aos 46 minutos do segundo tempo, no duelo contra o Canadá, Arthur Elias apostou em Lorena para a disputa dos pênaltis. Mas o resultado foi frustrante até para a defensora.
— No primeiro jogo contra o Canadá, ali na disputa de pênalti, acho que foi um momento de provação para mim, porque me considero uma pegadora de pênalti e não ter pegado nenhum foi um momento bem complicado. E aí, quando passa dois dias, é o momento de ir lá e fechar o gol, literalmente — falou.
No embate contra o Japão, dois dias depois do jogo contra o Canadá, Lorena foi o grande destaque do Brasil. No tempo normal, dependeu uma penalidade. Depois, quando a disputa foi para os pênaltis, parou todas as três cobranças das japonesas. A partir de então, retomou a confiança, voltou a ser incontestada na meta brasileira e teve sequência como titular da Seleção.
A convocação final
Chamada por Arthur Elias em todas as listas, Lorena nutria expectativa para a convocação final. Seria a primeira oportunidade de defender as cores do Brasil na magnitude de um megaevento que só Olimpíadas e Copa do Mundo possuem. A confirmação veio em 2 de julho, e gerou sentimento de realização.
— A gente sempre espera, mas sabe que também tem milhares de goleiras trabalhando para estar ali naquela lista. Então, sempre tenho uma expectativa muito alta de estar ali, até porque venho trabalhando bastante, acho que venho fazendo bons jogos também. Para mim, falando especialmente das Olimpíadas, vai ser a minha primeira vez. Então, foi uma sensação indescritível. Acho que por toda essa trajetória em curto prazo ali, ter perdido uma Copa do Mundo, ter voltado de uma lesão, para mim foi uma sensação que eu não consigo nem descrever em palavras, porque foi todo fruto de um trabalho — afirmou.
Agora, todo o foco é em voltar de Paris com uma medalha. O discurso do técnico Arthur Elias é entoado pelas atletas, que sonham num ouro inédito para a Seleção Brasileira Feminina. Desde 2008, o Brasil não termina no pódio dos Jogos.
— Para mim, é uma expectativa enorme. Acho que o Arthur vem fazendo um grande trabalho com a Seleção Brasileira. Foi a primeira vez que eu trabalhei com ele diretamente, então tenho certeza que o grupo vai bem forte, chegar bem preparado para fazer uma grande campanha, e uma coisa que a gente fala bastante é de trazer o ouro para o Brasil. Acho que tanto a Seleção quanto a modalidade precisam disso. Então, a gente vai muito preparado e vai todo mundo pensando num objetivo só — finalizou.
A estreia da Seleção está marcada para o dia 25 de julho, às 14h, contra a Nigéria. A partida ocorre no Stade de Bordeaux, em Bordeaux. A equipe ainda enfrenta, na primeira fase, Japão e Espanha.