A temporada será cheia para as gurias do Juventude. Neste ano, elas disputarão duas competições nacionais: Brasileirão A-3 e sub-20; e o Gauchão. Para isso, o clube trouxe uma nova comissão técnica, novos dirigentes e reformulou o elenco.
Renata Armiliato é uma das novas profissionais contratadas. Ela assume a coordenação do departamento e trabalhará ao lado dos campeões Volmar Sganzerla e Sônia Sganzerla — que estiveram à frente do futebol feminino do Juventude entre 1999 e 2008, época em que o clube conquistou o tri do Gauchão e a Copa Sul-Brasileira. Além deles, o Juventude também apresentou Luciano Brandalise como novo técnico. Cristian Giacomini assumiu a preparação física.
Em relação ao elenco, houve uma reformulação. Do grupo de 2021, apenas nove gurias permaneceram. Por outro lado, nas captações de atletas — as antigas peneiras — já foram pré-selecionadas mais de 50 jogadoras.
GZH conversou com a coordenadora Renata Armiliato e detalha o planejamento para esta temporada. Confira abaixo.
Planejamento para as competições
O Brasileirão sub-20 será a primeira competição do calendário alviverde — prevista para iniciar em 3 de maio. Campeonato inédito, inclusive. Isso porque, a partir desta temporada, a CBF criou duas novas categorias do Campeonato Brasileiro: sub-20 e sub-17 que substituirão, respectivamente, sub-18 e sub-16 que eram realizados até 2021.
No ano passado, o Ju chegou a disputar o Brasileirão sub-18. Foi a primeira competição da equipe após a reabertura do departamento feminino. No entanto, em um grupo com a fortíssima Ferroviária, o alviverde não conseguiu a classificação à segunda fase. Agora, o objetivo é ir mais longe.
— Ninguém entra numa competição pensando somente em participar. A gente almeja alguma coisa, mas dentro da realidade. Não podemos comparar o Juventude com equipes que tem 10 anos de estrutura de base, temos de ser realistas. O nosso foco é o sub-20. A gente pretende passar de fase. Nossa ideia é conseguir passar de fase, fazer jogos bons, de qualidade — relata.
Posteriormente, ainda em maio, se inicia o Brasileirão Feminino A-3 — previsto para o dia 21. O Juventude foi convidado de última hora a participar da competição, depois da desistência de outros clubes que estavam à frente do alviverde no ranking de clubes masculinos. A CBF ainda não divulgou a tabela de jogos. No entanto, o regulamento já é conhecido: mata-mata da primeira fase à final.
— A A-3 é um pouco danada. Tu podes ter muita sorte ou muito azar (no sorteio). Mas o nosso foco é fazer uma boa campanha e a classificação para segunda fase.
Ideia é manter o grupo
Para a disputa das duas competições que ocorrem em maio, a base do elenco deverá ser mantida. O Juventude entende que gurias que se destacarem no sub-20 podem participar da categoria adulta, na A-3.
— A ideia é pegar algumas meninas que se destacam na disputa do Brasileirão sub-20 e puxar para a A-3. Ou seja, pegar a base do sub-20 e agregar com algumas jogadoras já experientes na A-3. Vieram muitas meninas participar da captação já acima do sub-20. Então, temos um banco de dados de meninas.
Depois, no segundo semestre, se inicia o Gauchão Feminino — que deve começar em 22 de junho. A ideia, com o calendário cheio, é dar rodagem para as meninas e, aos poucos, fazer com que o departamento vá crescendo dentro do próprio clube.
Queremos fazer cada vez melhor, dando oportunidade, estrutura e equipamentos para as meninas
RENATA ARMILIATO
coordenadora do futebol feminino do Juventude
— A ideia é deixar mais ativo, profissionalizando, para chegar numa situação similar a de Inter e Grêmio, digamos assim. Porque o feminino vai ter de se manter. O Juventude quer manter o feminino. A gente ainda não pode se comparar com grandes clubes do futebol feminino, que investem há anos na modalidade. Mas queremos fazer cada vez melhor, dando oportunidade, estrutura e equipamentos para as meninas, deixando elas o mais bem possível, e tendo um trabalho profissional, para que elas ganhem asas e o feminino esteja mais em cima, no topo.
Captação de atletas
Foram realizadas captações de atletas em três municípios: Torres, Canoas e Caxias do Sul. O clube ainda fará mais uma no próximo sábado (9), em Bom Princípio. Até então, 53 gurias foram aprovadas na pré-seleção e, dessas, 16 foram integradas ao grupo do Juventude. Agora, a meta é buscar jogadoras que supram as carências do elenco.
— A gente conseguiu movimentar bastante o futebol feminino da região e de todo o Rio Grande do Sul. Então, o nosso objetivo é fazer essa captação focada no Brasileirão sub-20 e já de olho na A-3. Dar minutagem para essas meninas, colocar para jogar. A gente quer fazer as meninas terem experiência, disputarem competições importantes — destaca Renata.
Os treinamentos são realizados de segunda a sexta-feira. E, como Brasileirão sub-20 tem início previsto para 3 de maio, a ideia é que o grupo esteja fechado até o dia 14 de abril visando a competição nacional.
— Estamos recebendo na semana que vem mais quatro meninas de fora: três de São Paulo e uma do Espírito Santo. Pretendemos fechar o grupo no dia 14 para o sub-20. A A-3 e o Gauchão, enquanto não começarem, estaremos captando atletas. Estamos com as portas abertas para as meninas, quem quiser participar pode entrar em contato com o clube.
Reformulação no grupo
Na última temporada, 35 gurias vestiram a camisa do Juventude nas três competições que a equipe disputou: Brasileirão sub-18, Gauchão, Copa Gaúcha sub-17. Dessas todas, apenas nove permaneceram para este ano: as zagueiras Hellen Cristini, Katriny Techio e Eduarda Dalla Costa, as laterais Gabriela Rech e Marcelly Verônika, as meio-campistas Michele Cardoso e Jennifer Melo, e as atacantes Isadora Padinha e Tainá Santos.
— Algumas meninas do ano passado foram desligadas, foram feitas novas avaliações. A gente começou as avaliações há três semanas. Então, agora, temos nove meninas do grupo do ano passado. Algumas não quiseram voltar, algumas foram para outros clubes, uma menina foi para o Exterior. Quando iniciamos, eram 13 gurias remanescentes do ano passado. Algumas foram dispensadas. Fizemos um período totalmente novo de avaliações, assim como as novas avaliações que estamos fazendo para captar atletas. O clube está muito focado na categoria sub-20, de formação, de fazer um trabalho desde o início — explica Renata.
O clube está muito focado na categoria sub-20, de formação, de fazer um trabalho desde o início
RENATA ARMILIATO
coordenadora do futebol feminino do Juventude
Auxílio às meninas
As gurias que integram o elenco alviverde ainda não recebem um salário. De acordo com Renata, por enquanto, o clube só consegue arcar com custos básicos: estadia e alimentação.
— Temos algumas meninas de Caxias, e as meninas que estão conosco e não são da cidade têm alojamento. O Juventude paga para manter as meninas. Alimentação e estadia, o clube consegue manter. Ajuda de custo ainda estamos batalhando (para conseguir).
Possível parceria com o Brasil-Far?
Com investimento no departamento de futebol feminino desde 2018, o Brasil de Farroupilha é uma referência na modalidade na Serra Gaúcha. São dois títulos do Interior no Gauchão e duas participações no Brasileirão Feminino A-2 nas últimas temporadas.
Em 2021, surgiram boatos de que uma possível parceria entre os clubes serranos poderia ocorrer. No entanto, o Juventude diz que não há nenhum tipo de contato neste sentido. A zagueira Duda Silva, que estava no rubro-verde em 2021, vestirá a camisa do Juventude nesta temporada. Mas sem qualquer relação com parceria.
— Este ano temos até uma menina que veio do Brasil-Far. Ela entrou em contato com o clube, fez o teste e foi aprovado. Mas não teve nenhum tipo de contato (com o clube rubro-verde), de parceria. É a Duda Silva.
Desempenho do masculino
Até então, a obrigatoriedade de manter um departamento feminino é apenas para os times que estiverem na elite do Brasileirão. No entanto, Renata acredita que, mesmo se o clube for rebaixado à Série B no final de 2022, continuará o investimento na modalidade.
— O Juventude tem esse interesse de manter, de investir na categoria de base (feminina). Então, a ideia é manter a categoria, deixar cada vez mais forte, e deixar o feminino ativo, independente do masculino — complementa ela: