Por Amanda Munhoz, Carlos Rollsing, José Luis Costa e Leonardo Oliveira
As investigações sobre a gestão do ex-presidente do Inter Vitorio Piffero entre os anos de 2015 e 2016 continuam por parte do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que chegou a definir como "organização criminosa" a administração de Piffero. Porém, muitos fatos aconteceram antes disso.
Confira passo a passo do andamento da apuração:
- Em 7 de abril de 2017, no dia do banquete pelo aniversário de 108 anos do Inter, o Conselho Fiscal emitiu parecer recomendando ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas de 2016 da gestão Vitorio Piffero.
- Em 17 de abril de 2017, o Conselho Deliberativo, em votação, decidiu acatar a recomendação do Conselho Fiscal e reprovou as contas de 2016. O pedido de abertura de sindicância para investigar as "graves falhas de controle interno" também foi acolhido.
- Em 5 de setembro de 2017, o Conselho Deliberativo, em reunião extraordinária, ouviu a apresentação de um diagnóstico das finanças do clube, feito pela Ernst & Young a pedido da gestão de Marcelo Medeiros. Os consultores apresentaram inconsistências em contratos de obras que custaram ao clube R$ 9 milhões. Os conselheiros votaram pela criação de uma comissão especial para investigar os gastos na Gestão Piffero.
- Em 25 de setembro, o presidente da Comissão Especial, José Amarante, entrega relatório em que aponta 12 fatos nos quais foram detectadas irregularidades na gestão Piffero. O documento foi baseado no diagnóstico da E&Y e no relatório do Conselho Fiscal.
- Em 2 de outubro, o Conselho Deliberativo aprovou o relatório da Comissão Especial e decidiu encaminhá-lo para o Ministério Público, no que dá origem à investigação em curso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os conselheiros decidem, também, criar uma nova Comissão Especial, presidida pelo conselheiro e procurador de Justiça Ubaldo Flores.
- Nos dias 23 e 24 de março de 2018, o GDI publica as primeiras reportagens, revelando que o clube pagou R$ 10 milhões para cinco empresas inexistentes ou inativas por obras que jamais foram identificadas por auditorias contratadas pelo Inter. O pagamento das notas eram avalizados pelos vice-presidentes Pedro Affatato, de Finanças, e Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio.
- Em 28 de março, a empresa Keoma Construção, Incorporação e Planejamento, cujas notas fiscais cobravam do Inter R$ 5,3 milhões em serviços, emite comunicado afirmando que nunca prestou trabalhos ao Inter.
- Em 5 de abril, reportagem do GDI revela que empresa de familiares do ex-vice presidente de Finanças Pedro Affatato prestou serviços de instalação de guard-rails ao custo de R$ 1 milhão. A prática é vedada pela Lei do Profut, que proíbe contratos entre clubes e empresas da quais façam parte gestores das agremiações ou familiares deles.
- Em 4 de maio, o GDI divulga que o ex-vice-presidente de Finanças do Inter Pedro Affatato, apresentou sete notas fiscais da empresa Keoma para justificar saques de R$ 635 mil. As notas apontavam que a Keoma realizou serviços no CT do clube em Guaíba entre 2015 e 2016. Entretanto, naquela época o clube não tinha licença de instalação no terreno, e jamais foram executadas obras no local.
- Em 18 de maio, reportagem do GDI aponta que o ex-vice-presidente de Patrimônio, Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio teve como responsável técnico em suas empresas particulares, o engenheiro Ricardo Bohrer Simões, que tinha vínculo com três empresas que cobraram R$ 6,9 milhões do Inter por obras que não teriam sido realizadas.
- Em outubro, a Comissão Especial de Apuração do Conselho Deliberativo conclui o trabalho, condenando o ex-presidente Vitorio Piffero e os ex-vices Pedro Affatato, de Finanças, Emídio Marques Ferreira, de Patrimônio, e Alexandre Limeira, de Administração, a ficarem impedidos de ocupar cargos elegíveis em entidades esportivas por 10 anos.
- Em 20 de dezembro, o Gaeco deflagra a Operação Rebote. Os relatórios das investigações somam mais de 3,7 mil páginas e embasam cumprimentos de 20 mandados de busca e apreensão em residências e empresas na Capital, em Eldorado do Sul e Viamão. O MP define a gestão 2015/2016 como uma "associação criminosa".
- Computadores, celulares e documentos estão sob avaliação em busca de novos indícios de irregularidades. A partir das avaliações, o MP deve apresentar denúncia contra os investigados por crimes de apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro.