O engenheiro civil Ricardo Bohrer Simões, que tem vínculos com empreiteiras que receberam R$ 6,9 milhões do Inter por obras não encontradas em auditorias do clube, atuou em duas empresas de Emídio Marques Ferreira, vice-presidente de Patrimônio nos anos de 2015 e 2016, na gestão Vitorio Piffero.
Conforme cadastro da Receita Federal, a Pavway Pavimentação, Construção e Projetos Ltda e a Pavitec do Brasil Pavimentadora Técnica Ltda pertencem a Ferreira e a seu filho Emanuel, fisioterapeuta da Escola Rubra do Inter. Simões foi responsável técnico das duas construtoras.
A anotação de que o engenheiro foi responsável técnico da Pavitec consta na súmula da reunião ordinária nº 1103, realizada em 22 de maio de 2015 pela Câmara Especializada de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS).
Na Pavway, a atividade de Simões foi registrada na súmula da reunião ordinária nº 1104, realizada em 12 de junho de 2015 pela mesma câmara do Crea-RS. Simões seria o elo entre três empreiteiras e o Inter.
Um ano antes de ter o nome ligado à Pavitec e à Pavway, Simões abriu a Pier Serviços Eireli que, entre 2015 e 2016, recebeu R$ 1,5 milhão do Inter.
Ele também foi procurador da Empresa Gaúcha de Estradas (Egel), beneficiada com R$ 194,3 mil do clube, e esteve associado à Keoma Construção Incorporação e Planejamento Ltda, que cobrou R$ 5,3 milhões do Inter.
Em recente entrevista ao GDI, o dono da Keoma, Edson Joel Rodrigues, afirmou que jamais prestou serviços ao Inter e que Simões, enquanto atuou na Keoma, seria o responsável pelo controle de notas fiscais e pode ter ficado com talonários em branco da empresa após a paralisação dela, em 2011.
O GDI teve acesso a sete notas fiscais da Keoma que somam R$ 541,1 mil em cobranças ao Inter. Todas receberam assinatura e carimbo do então vice-presidente de Finanças, Pedro Affatato, autorizando pagamentos à empresa.
Em cinco documentos, aparecem o aval de Emídio Marques Ferreira, ex-vice-presidente de Patrimônio, e do engenheiro civil Carlos Eduardo Marques, que era empregado do Inter, cuja função era conferir a realização dos serviços contratados.
Contrapontos
Há dois meses, o GDI tenta falar com Emídio Marques Ferreira. Nesta quinta-feira (17), ligou novamente para o celular dele e do filho, Emanuel, mas eles não atenderam. O GDI esteve na Pavway em Santo Antônio da Patrulha e no escritório de Emídio, em Porto Alegre, mas não o encontrou.
O GDI tenta falar com Ricardo Bohrer Simões desde 15 de março. Foram dezenas de telefonemas para o celular dele que, no entanto, jamais atendeu aos chamados. Neste período, a reportagem também o procurou em três endereços, em um condomínio em Atlântida, no Litoral Norte, na casa de familiares no bairro Teresópolis, em Porto Alegre, e na residência dele no bairro Jardim Botânico, também na capital gaúcha.
O GDI já ligou dezenas de vezes para o celular de Carlos Eduardo Marques, mas o engenheiro não atendeu à reportagem. Também esteve na casa dele, no centro de Porto Alegre, mas não o encontrou. Deixou com um familiar telefones de contato.