A empresa Keoma Construção, Incorporação e Planejamento, uma das quatro que receberam R$ 9,9 milhões do Inter entre 2015 e 2016 por obras não identificadas no complexo Beira-Rio, enviou nota ao Grupo de Investigação da RBS (GDI) para se manifestar pela primeira vez.
Em reportagem, o GDI revelou detalhes de pagamentos que estão sob suspeita na gestão de Vitorio Piffero no clube. Nos dois anos do seu último mandato, a Keoma, sozinha, recebeu R$ 5,3 milhões. A empresa emitiu notas sequenciais ao Inter e, segundo a consultoria EY (antiga Ernst & Young), não foram encontrados indícios de que os serviços pagos foram efetivamente executados. Também não havia assinatura de contrato, apesar das movimentações financeiras.
Na nota, a Keoma diz que estava inativa durante a gestão de Piffero sob análise, afirma desconhecer o preenchimento de notas fiscais e a execução de qualquer obra para o Inter.
"A empresa Keoma vem esclarecer que não mantém qualquer atividade há mais de cinco anos, sendo seu sócio-administrador desconhecedor da emissão de notas fiscais ou mesmo da execução de qualquer obra ou elaboração de qualquer contrato desta empresa com o clube", diz trecho da carta assinada por Edson Joel Rodrigues, sócio majoritário da Keoma.
A manifestação do proprietário da Keoma contrapõe as declarações de Vitorio Piffero e do ex-vice-presidente de Finanças do Inter, Pedro Affatato, que asseguram a legalidade dos pagamentos e a realização das obras no complexo Beira-Rio.
A Keoma, que teria sede em Torres, tem dívidas pendentes em pelo menos duas ações judiciais, nas quais a empresa e o seu dono são procurados para quitar os débitos. Um dos processos tramita na 2ª Vara Judicial de Encantado, no Vale do Taquari, no qual um credor cobra R$ 430,3 mil da Keoma.
Edson Rodrigues foi procurado pelo GDI na Capital, em Torres, e em Arroio do Sal, onde seria a sede da Pier Incorporadora Ltda, na qual se tornou sócio em 2014.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DA KEOMA
Nota de esclarecimento assinada por Edson Joel Rodrigues, em 26 de março de 2018
"A respeito das notícias vinculadas por esta respeitável agência de notícias acerca de possíveis irregularidades no Sport Club Internacional, a empresa Keoma vem esclarecer que não mantém qualquer atividade há mais de cinco anos, sendo seu sócio-administrador desconhecedor da emissão de notas fiscais ou mesmo da execução de qualquer obra ou elaboração de qualquer contrato desta empresa com o clube.
O sócio-administrador, sr. Edson Joel Rodrigues, tomou conhecimento dos fatos pela investigação em andamento no Ministério Público Estadual, por quem foi devidamente localizado e onde já prestou os necessários esclarecimentos. O sócio-administrador responde única e exclusivamente pela Keoma e não mantém vinculação com qualquer outra empresa cujas irregularidades são investigadas. O deslinde do caso é de seu interesse e, dessa maneira, vem cooperando para a elucidação de todos os acontecimentos noticiados.
A Keoma não fará qualquer manifestação pública sobre o caso, a fim de não atrapalhar o andamento de qualquer investigação conduzida pelo Ministério Público.
Após o encerramento das investigações e a apuração das responsabilidades, a Keoma, por seu sócio-administrador, adotará as medidas judiciais cabíveis em razão do ocorrido".
CONTRAPONTO
Procurados pelo GDI, o ex-presidente do Inter Vitorio Piffero, e o ex-vice-presidente de Finanças Pedro Affatato, informaram que não se manifestariam sobre a reportagem.