O empresário Jailson Ferreira da Silva, investigado por supostamente ser o pivô de caso de corrupção na Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed), se apresentou na tarde desta segunda-feira (2) para iniciar o cumprimento de mandado de prisão preventiva, sem prazo para soltura.
Ele estava foragido desde 12 de novembro, quando foi deflagrada pela Polícia Civil a terceira fase da Operação Capa Dura, batizada Prefácio. No dia da ofensiva, o empresário saiu de casa pouco depois das 5h, minutos antes da chegada dos policiais que cumpririam o mandado. Depois, ele não se apresentou às autoridades e passou à condição de foragido.
Às 14h30min desta segunda-feira, o advogado Nereu Giacomolli, que defende Jailson, afirmou que ele estava no Foro Central aguardando para se apresentar ao juiz responsável pelo caso, João Garcez de Moraes Neto, do 1º Juízo da 1ª Vara Estadual de Processos e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. Depois, disse Giacomolli, o empresário deverá ser encaminhado a um local determinado pelo juiz para iniciar o cumprimento do mandado de prisão.
Mais tarde, às 16h52min, a Divisão de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) emitiu um comunicado para confirmar a prisão de Jailson, conhecido como Jajá no meio político e empresarial. A Polícia Civil informou que, no interrogatório, ele "exerceu o direito constitucional ao silêncio". Após trâmites burocráticos, o investigado foi encaminhado ao sistema prisional.
Jailson é suspeito de ter sido beneficiado pelo direcionamento de compras da Smed, em 2022. Depois, ele teria supostamente pago propina a agentes públicos e privados.
Empresas representadas por Jailson venderam cerca de 500 mil livros e 104 laboratórios do ciências e matemática ao custo de R$ 43,2 milhões. A Polícia Civil apurou que ele teria recebido comissão de pelo menos R$ 14 milhões pelos negócios. Jailson teria pago R$ 556 mil ao advogado Maicon Callegaro Morais. A suspeita é de que o valor seja propina. As transferências para o advogado coincidiram com os períodos em que a Smed fez pagamentos para as empresas representadas por Jailson. Maicon seria um intermediário entre Jailson e Reginaldo Bidigaray, ex-chefe de gabinete do vereador afastado Pablo Melo (MDB). O ex-parlamentar é filho do prefeito Sebastião Melo, que não é investigado.
Jailson também teria pago R$ 300 mil em propina para a ex-secretária Sônia da Rosa, na forma de quitação parcial de um apartamento em Porto Alegre.
Na terceira fase da Operação Capa Dura, além do mandado de prisão, Jailson teve bloqueados 31 bens móveis e imóveis avaliados em cerca de R$ 22 milhões.
O advogado Nereu Giacomlli se manifestou em nota. Confira a íntegra:
"Jailson se apresentou espontaneamente ao juiz do processo. Diz que nunca transferiu dinheiro, conforme as últimas notícias, e que os documentos relativos aos imóveis já estavam em poder da autoridade policial desde o início das investigações, conforme seu depoimento prestado há quase um ano. Não conhece o advogado Maicon e nem lhe transferiu os R$ 556.000,00, conforme consta no pedido de prisão. A defesa não teve acesso a qualquer transferência de Jailson a Maicon. Isso deverá ser devidamente apurado pelo MP".