O Grupo de Investigação (GDI) telefonou para o ex-presidente Vitorio Piffero e para os ex-vices de Finanças, Pedro Affatato, e de Patrimônio, Emídio Marques Ferreira. Ferreira se negou a falar. Affatato concordou em conceder uma entrevista desde que fosse na companhia de Piffero. O ex-presidente também aceitou. No dia seguinte, o advogado de Piffero, Andrei Zenkner Schmidt, comunicou a reportagem que a entrevista seria feita por e-mail. GaúchaZH encaminhou as mesmas perguntas aos dois dirigentes. Affatato respondeu a todas. Piffero preferiu escrever um texto, abaixo reproduzido na íntegra.
"Não fui presidente do Internacional somente no ano do rebaixamento de 2016. Com muita honra, presidi o Inter de 2007 a 2010 e, depois, entre 2015 e 2016. Neste período fomos multicampeões, colocando faixa TODO ANO, chegamos aos 100 mil sócios em 2009, ano de nosso Centenário. Quando saí da presidência em dezembro de 2010, o Inter era o líder do ranking da Conmebol. Foi na minha primeira gestão que idealizamos e iniciamos a reforma do Beira-Rio, tornando o Internacional, pela segunda vez na história, sede da Copa do Mundo.
Tudo o que está sendo dito contra a minha gestão é resultado do infeliz rebaixamento do Internacional em 2016. As práticas de gestão que estão sendo apontadas como irregulares são as mesmas de todas as gestões anteriores deste século, pelo menos. Tenho a certeza absoluta da correção das minhas atitudes e de minha diretoria nestes anos todos trabalhando pelo engrandecimento de nosso clube. Temos hoje um processo de disputa interna que se assemelha ao final dos anos 1990, que trouxe ao clube um prejuízo muito grande, representando falta de conquistas esportivas que só foram retomadas a partir de 2002, com a pacificação. Este caminho de disputa, revanchismo, denuncismo vazio, práticas bolivarianas, matérias plantadas na imprensa de forma distorcida, em off, está nos conduzindo a tempos difíceis mais uma vez. É o extracampo perturbando o trabalho de campo. Temos novamente que buscar a união se quisermos voltar a crescer.
Esse caminho de disputa está nos conduzindo a tempos difíceis mais uma vez
VITORIO PIFFERO
Ex-presidente do Inter
Eu jamais tirei proveito patrimonial com qualquer contratação de atletas, serviços, obras ou compras de qualquer natureza efetuados pelo clube, tampouco contribuí para que terceiros tivessem proveito disso. Todas as obras e serviços contratados na minha gestão foram efetivamente realizados e dentro das possibilidades do clube, remunerados a um custo compatível com o mercado. Posso citar algumas obras relevantes, entre outras, tais como a reforma das cabines de imprensa, da área mista, do museu, do Centro de Treinamento de Alvorada; construção do estúdio de mídia do Clube, da universidade do Inter; drenagem, cercamento e asfaltamento do complexo Beira Rio; recuperação do Centro de Treinamento do Parque Gigante; construção da sala do Conselho Fiscal e da Administração do Conselho Deliberativo; Juizado Especial Criminal do Torcedor etc. Além disso, havia constantes demandas urgentes pertinentes à manutenção e funcionamento do clube. Tudo isso foi legalmente contratado e remunerado. Os relatórios apresentados pelas empresas de auditoria (Baker Tilly Brasil e Saweryn & Associados S/S Auditores Independentes) apontaram inconsistências quanto ao registro informático de algumas contratações no sistema. Nenhum desses relatórios apontou superfaturamento, desvios ou fraudes.
Conforme constou na conclusão da autoria da Baker Tilly, houve falhas apenas nos "procedimentos de conciliações contábeis, que na nossa avaliação (da auditoria), são procedimentos manuais e detectivos, não permitindo reação a eventuais imperfeições no processo".
Não tenho e NUNCA tive pessoal ou profissionalmente qualquer relação com pessoas físicas e jurídicas nominadas nos questionamentos. Não é atribuição da presidência do SCI a verificação, escolha, controle, indicação, etc de qualquer empresa ou colaborador. A vice-presidência da área é quem trata deste assunto."
Veja também o que disse Pedro Affatato
Não houve superfaturamento, não houve desvio de recursos, não houve aditivos contratuais
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