“Eu conheço o tamanho médio de sutiãs das mulheres em cada Estado da China. As mulheres (da província) de ZheJiang têm os menores seios.” Reproduzida em uma apresentação para empresários gaúchos, a declaração do cofundador da gigante de comércio eletrônico Alibaba, Jack Ma, sintetiza a obsessão dos chineses por dados. Somente a empresa tem cerca de 30 mil engenheiros de dados para avaliar o comportamento individual de cada consumidor.
O propagado big data já é realidade no país asiático, onde o e-commerce é o maior do mundo – representando 40% de todas as transações de comércio eletrônico.
– A China pula etapas em um desenvolvimento não-linear, com modelos próprios de comércio. Quase um terço do consumo de luxo no mundo é alimentado por chineses – destaca o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, Alberto Serrentino, que integrou um grupo de empresários do setor de varejo que esteve no país asiático neste ano.
Entre as maiores companhias de internet do mundo, em valor de mercado, figuram empresas como Alibaba (concorrente da Amazon), Tencent (versão semelhante ao WhatsApp), Baidu (o Google chinês) e Didi Chuxing (rival do Uber). Essas empresas atuam também em outros segmentos, como carro elétrico (Baidu), serviços médicos (Tencent) e smart cities (Alibaba).
– Quando um país domina múltiplas tecnologias, tem seu desenvolvimento acelerado. A inteligência do computador vai superar a inteligência humana em 2045 – diz Leon Xiao, professor da Escola de Arte e Comunicação da Universidade Normal de Pequim, ex-diretor de tecnologia da Universidade de Nova York e mundialmente reconhecido na indústria criativa.
A China já ultrapassou os Estados Unidos em números de “unicórnios” – startups com valorização de mercado superior a US$ 1 bilhão (veja ao lado). Enquanto os chineses somam 164 novos negócios bilionários, o Brasil tem apenas três – sendo que o primeiro unicórnio brasileiro, o aplicativo de transporte 99, só alcançou o feito após ter sido comprado pela chinesa Didi Chuxing em janeiro deste ano. Nos meses seguintes, juntaram-se à seleta lista a plataforma de pagamentos PagSeguro e o banco digital Nubank.
– A projeção é de que até 2030 todas as tecnologias e aplicações de inteligência artificial desenvolvidas na China irão liderar no mundo, tornando o país um polo global de inovação – indica Grasiela Tesser, diretora executiva da NL Informática, que também integrou a comitiva que visitou companhias chinesas de tecnologia e varejo.