Sabemos que o excesso de açúcar refinado não é muito saudável. Agrega calorias “vazias”, ou seja, não fornece vitaminas e minerais. Pode, inclusive, causar distúrbios no metabolismo e liberação de alguns hormônios, além gerar uma certa dependência e poder agravar inflamações.
Intuitivamente, passamos a escolher os produtos sem açúcar na tentativa de matar a vontade de comer algo doce. Mas será que isso é, de fato, uma boa escolha?
Os substitutos
Os doces sem açúcar (ou zero açúcar) podem ser adoçados com uma variedade de alternativas, como adoçantes artificiais – por exemplo, a sacarina, o aspartame, o ciclamato e a sucralose. Ou ainda com os álcoois de açúcar, tais como eritritol, manitol, xilitol e sorbitol ou outros aditivos, como a maltodextrina. O problema é que algumas dessas substâncias, como os álcoois de açúcar, podem provocar reações adversas como gases, inchaço e diarreia, se consumidas em excesso.
Não custa lembrar
Não é porque o alimento é isento de açúcar refinado que pode ser consumido sem moderação. Inclusive, o uso crônico de adoçantes está relacionado com a alteração e desequilíbrio da microbiota intestinal, que pode desencadear uma infinidade de consequências negativas para a saúde.
Além disso, ser zero açúcar não significa ser isento de carboidratos! Quem tem restrição ao consumo de carboidratos, como os diabéticos, por exemplo, deve estar ainda mais atenta a essas informações.
A maltodextrina e os álcoois de açúcar fornecem alguns gramas de carboidratos – em quantidade muito menor do que o açúcar, claro – mas ainda sim não podemos, simplesmente, ignorar esse valor.
Menos calorias?
Nem sempre as versões sem açúcar são menos calóricas do que as versões tradicionais. Se você está fazendo uma dieta para emagrecimento ou precisa, por algum outro motivo, controlar a ingestão energética, tome cuidado para não ser enganada!
Tirar ou não?
Portanto, reflita o motivo pelo qual você está buscando o produto sem açúcar. As versões tradicionais podem ser boas opções também. Muitas vezes, escolhemos as opções zero e light para não nos sentirmos “culpadas” por estarmos comendo um docinho, e isso, na verdade, deve ser repensado.
O “errado” não é comer doce. “Errado” é comer doce descontroladamente para compensar algum sentimento negativo.
É totalmente possível incluir doces numa alimentação saudável. E, mais do que isso, devemos comer com moderação, consciência e prazer ao saborear qualquer tipo de alimento. A nossa busca deve ser por transformar a nossa relação com a comida, que vem sendo reduzida apenas à sua composição nutricional.
Comer está muito além disso. Nós nos nutrimos de memórias e sentimentos em relação aos alimentos que ingerimos. Portanto, esforce-se para mudar a perspectiva em relação à sua alimentação e buscar um equilíbrio saudável entre o que você pensa, sente e coloca na boca. Busque a ajuda de uma nutricionista para entender quais são, de fato, as melhores opções para você.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.