Essa matéria se trata de uma grande ideia, em torno de um pequeno objeto. Isso mesmo, um cubo. Às vezes, o nome diz tudo, né. Uma pequena caixinha de papel kraft pensada e produzida com carinho, por muitas mentes e mãos, que contém uma comidinha daquelas estilo comfort food que servem duas pessoas com bastante fome. Como uma caixinha de surpresas.
Lembra daqueles aniversários infantis que ficávamos ansiosos todas as vezes que íamos estourar o balão para descobrir o que tinha dentro? Na verdade, todas as crianças sabiam o que tinha: as balas. Pois então, esse cubo segue esse mesmo contexto. Sabemos exatamente o que têm dentro delas. Mas, a graça está em cada vez que abrimos temos uma nova experiência e provar os quatro sabores repetidas vezes, e sempre ter uma sensação diferente.
É reunir a família para finalizar o preparo dos ingredientes pré-prontos na cozinha e escolher um acompanhamento ideal, colocar a música favorita para tocar e abrir um bom vinho para harmonizar. Enfim, para entender mais sobre essa caixinha conversamos com o chef Vico Crocco, idealizador do projeto do Cubo Crocco (@cubo.crocco).
O que é o Cubo Crocco?
Fazemos cubos com deliciosas refeições, com cuidado desde a seleção dos ingredientes até a forma como é entregue ao cliente. Os ingredientes são frescos e sem aditivos químicos, além de serem produzidos em sua maioria de forma orgânica, por famílias. Nas caixinhas vêm sempre quatro componentes: o Spatzle, que é a estrela do prato, mais uma farofinha crocante, um molho e um acompanhamento a escolher. Os molhos variam conforme os acompanhamentos. Temos um menu bastante enxuto. São apenas quatro opções de sabor: filé, cogumelo, tomate ou bolonhesa. Para quem não sabe, spatzle é uma massinha alemã que tem como base farinha, ovos e água. E só. É clássica da Alemanha, daqueles pratos que são os básicos de qualquer restaurante por lá.
Nossa ideia não é fornecer um prato pronto, mas sim, os ingredientes já bem encaminhados para então o prato ser montado em casa. Queremos servir as pessoas que gostem de dar aquele toque final especial. Seja para reunir os amigos, família ou casal. As comidinhas saem da nossa cozinha e chegam na casa dos clientes frescos e quase prontos. Só esquentar e se deliciar. Para aquecer, basta uma frigideira anti-aderente, deixando dar aquela douradinha. Enquanto isso, é só aquecer o molho em uma panela em fogo baixo, aí quando começar a borbulhar está pronto. É só pegar um bowl ou prato fundo e está feito. Dá para ser bem criativo na montagem.
Por que em forma cubo?
Gostamos de dizer que são caixinhas de surpresas, e a forma de cubo faz referência ao trabalho da minha mãe, que é artista plastica e designer, Heloísa Crocco. Todo nosso trabalho é em conjunto com muitas mentes pensantes - e brilhantes. Por exemplo, Trajano é um super arquiteto que foi quem fez a casa ateliê da Heloísa, o grande cubo. E o seu filho fez a arquitetura da minha cozinha e pergolado. Além disso, toda a pesquisa da minha mãe tem como matrizes os cubos de madeira, por isso o nome cubo crocco. A ideia é que ao receber o cubo em casa, até como um presente de um amigo, o consumidor possa envolver a sua família e entes queridos na cozinha.
O que vem dentro dos cubos?
Vêm sempre 4 componentes frescos, feitos 1 dia antes da entrega e de acordo com critérios de sustentabilidade, sem produtos químicos ou plásticos. Já que queremos comer bem, com sabor, e sabendo de onde veio cada ingrediente. O spatzle sempre acompanha 1 molho, acompanhamento e farofinha. Os sabores são: o de tomate, que é uma receita clássica de família; o de filé, que vem com molho rosti e purê de maçã; o de cogumelo, que é um dos clássicos alemães, com farofinha e queijo ralado. Amamos trazer crocância e cremosidade nos cubos.
Qual é a ideia de sustentabilidade?
A ideia é justamente ir cada vez menos aos mercados comprar insumos. Chegamos a fazer um cálculo da porcentagem do cubo que é químico, para tentar ir sempre diminuindo. Inclusive, preciso admitir que até plantamos o alho e manjericão do cubo tomate, mas infelizmente foi comido pelas formigas (risos). O desejo é esse: saber de onde veio tudo que compõe o cubo. E além disso, explicar nas cartinhas dentro dos cubos cada procedência, expondo os produtores, para que as pessoas se envolvam no que estão consumindo de fato. E quiçá até comprem deles também. Queremos que as pessoas se apaixonem, desde as crianças até os idosos, por comermos cada vez melhor. Ah, sem contar que as embalagens não são de plástico, viu. São biodegradáveis e compostáveis. Além dos vidros dos molhinhos serem reutilizáveis! Caso você opte por retornar os vidros no próximo pedido, ainda leva um presentinho na próxima compra.
Como surgiu a ideia?
Na verdade, a ideia surgiu há muito tempo. Sempre quis botar o spatzle como um produto de entrega, ou fresco ou congelado, de tanto que amo. Foi então que os eventos começaram a ser cancelados em março, frente a pandemia, e comecei a entender mais com colegas e amigos do ramo, como tiraria essa minha ideia do papel. Quis ter um espaço meu, minha equipe, e meu processo lento de escolha, compra e produção, com uma venda controlada e limitada. Foi assim que entendi que o cubo ia ser o máximo reciclável que conseguíssemos. Que seria delicado no sabor, e com poucas escolhas. Não seria congelado e teria o máximo possível de insumos sem agrotóxicos. E assim o cubo foi tomando forma. Nunca foi a ideia produzir algo pronto, que os consumidores recebessem, esquentassem no micro e comessem na frente da TV. Buscamos desde o início toda essa experiência: desde receber, até abrir, ler o encarte com as instruções, e finalizar da sua maneira, e no seu momento. Além de claro, envolver pessoas, designers, produtores, cozinheiros e idealizadores.
Tiraram aprendizados de negócios anteriores?
O grande aprendizado que tirei de negócios anteriores é: não fazer coisas sozinho. Idealizar sem ter troca não dá certo. É importante ter um brainstorm e momento diário de criação, com várias mentes juntas. É difícil tirar do papel, por isso temos de unir pessoas que estão afim, e melhor ainda se tiverem um entendimento em relação a controle, organização, planilhas, produção e negócios. É sobre confiar nas pessoas e dar valor a elas. Fazer todo mundo se sentir parte do negócio, e amar o que faz. Com um envolvimento constante, botamos energia em tudo que fazemos, o que torna a coisa ainda mais especial, e que o consumidor percebe no fim das contas.
Como funciona a produção hoje?
Nossa produção é sempre às quartas. Aí cada um fica responsável por uma área distinta. Por exemplo, quem está a frente da cozinha normalmente é o Fabrizio, enquanto minha mãe prova os molhos e dobra umas caixinhas, no mesmo tempo que a Emilia e seu pai ajudam nas entregas. A família de todos ajuda de algum jeito no processo, inclusive curtindo e compartilhando as postagens nas redes sociais (risos). A produção é feita no Crocco Estúdio, no pergolado. As entregas são feitas na quinta-feira, sempre por algum de nós, para o pessoal poder comer no final de semana, até segunda-feira, ou então congelar. Os cubos são 100% congeláveis. E claro, ainda não passamos completamente da fase de tirar do papel, idealizando mídias, sabores e apresentações novas.
O que perceberam durante esse tempo de pandemia em relação ao negócio?
A pandemia, de certa forma, nos deu essa calmaria, que acabou trazendo o Cubo Crocco, criado de forma lenta, com critérios e carinho. Ademais, durante esse período de quarentena, vimos uma preocupação e euforia dos colegas da área, pelos clientes estarem dispostos a ter uma rotina mais saudável e de qualidade. Notamos uma crescente preocupação com o que se come, e principalmente com as crianças e idosos. As pessoas perceberam que comer é um momento especial, no qual é preciso parar, sentar em volta da mesa e comer algo saboroso e delicado.
Quais os planos pro futuro?
Como agora cada vez mais as pessoas estão voltando a sair de casa, tentamos fazer brainstorms diários do tipo: como fazer pedir em casa se já estão mais na rua? Assim, todos os dias temos novos aprendizado e ideias. Acreditamos que o consumidor vai continuar pedindo em casa, porque a telentrega de comidas boas têm seu porquê, e seu momento. Além de que o público aprendeu nesses últimos meses que cozinhar em casa também é bom. Não é só sair e sair. Podemos ter momentos incríveis em casa, com a companhia dos avós, das crianças, até dos cachorros. Então ter uma comida pré-pronta para refogar, aprimorar e dourar em casa é uma experiência de carinho, que quem gosta de cozinhar vai amar ter. Além disso, enquanto no inverno buscamos algo mais gordinho, no verão, mais leve. Por isso, é hora de pararmos e pensarmos em novos sabores e preparos também.
"O cubo é eterno, é se divertir, comer bem, cuidar de si e dos outros. Talvez sejamos um ícone em relação a preservação da natureza, com componentes biodegradáveis, que façam bem a natureza e aos animais, e ingredientes que façam o bem aos seres humanos. Isso que nos deixa tão feliz em trabalhar no Cubo Crocco", afirma Vico.
O insta do cubo é @cubo.crocco, e eles entregam todas às quintas-feiras. Encomendas por WhatsApp (51) 8039-1136, e os pedidos da semana são limitados.