Tem para todos os gostos, em qualquer estação do ano. Os 10 roteiros sugeridos pelos colunistas de GaúchaZH para quem deseja fazer turismo no Rio Grande do Sul foram escolhidos a partir das mais de cem dicas do especial Viagem pelo RS, lançado este ano, com acesso exclusivo para assinantes.
Viagem pelo RS, que está em permanente construção, permite que o usuário personalize seu planejamento ao fornecer informações, via filtros de busca, sobre o tipo de destino que prefere, a região que pretende visitar e com quem vai viajar. Além disso, há também um calendário de eventos que serão realizados até dezembro de 2019.
Você também pode participar: compartilhe com a gente as suas fotos de viagens pelo Rio Grande do Sul usando a hashtag #ViagempeloRS no Instagram. Suas fotos podem aparecer no especial digital.
Confira, a seguir, os 10 destinos destacados por nossos colunistas.
Minha missão: as Missões – Rosane Tremea
Nos últimos anos, me impus uma missão, com o perdão do trocadilho: conhecer as ruínas de São Miguel das Missões. Inadmissível, tendo ido a tantos destinos, não conhecer o único exemplar do Estado considerado Patrimônio da Humanidade. Cumpri meu desafio no final de 2018 e, não fossem os 500 quilômetros que me separam do sítio histórico, me transformaria em uma visitante habitual.
O destaque é a igreja, concluída em 1745 e atribuída ao arquiteto jesuíta Gian Battista Primoli, mas toda a área do parque, bem-cuidado, merece horas de atenção. E também vale ficar para o espetáculo Som e Luz, à noite. Entre nessa viagem e você se sentirá entre jesuítas e índios guaranis.
Perto da redução, há duas boas opções de hospedagem, o Tenondé Park Hotel, que pode servir para um final de semana prolongado, e a Pousada das Missões, esta último funcionando como um hostel.
Veraneios e inverneios em São Chico – Ticiano Osório
Já faz um bom tempo que não vou a São Chico, mas São Chico nunca foi embora de mim. Nunca irá. Porque, ao longo da infância e de boa parte da adolescência, veraneios e inverneios foram curtidos na cidade serrana. Lembro como se fosse ontem dos intermináveis passeios de bicicleta pelo calçadão da Avenida Julio de Castilhos; dos banhos gelados no Parque das Cascatas; dos almoços de domingo no Hotel Cima da Serra que culminavam em uma parada para foto de família ao lado da grande pedra vermelha e tendo ao fundo o Cavalinho Branco; dos churrascos na Campo do Meio (suspeito que polentas fritas sejam as minhas madeleines); das caças ao tesouro que meu primo Toninho organizava para mim ao redor do Lago São Bernardo (ah, se tivesse pedalinho naquela época!); de ir ao Hampel para andar a cavalo (ainda se faz isso?); de devorar a torta de maçã da Tia Rita enquanto jogávamos cartas ou War; de brincar com os amigos Darlei e Beto até o nevoeiro cobrir a cidade; da sessão interrompida e nunca mais retomada de O Último Tubarão no único cinema de lá; de comprar gibi em uma casinha enxaimel que havia perto do Tio Paulo (que sonho se a Miragem Livraria já existisse quando eu era guri); de subir e descer diariamente, a todo instante, a lomba da rua onde tínhamos casa, a Henrique Lopes da Fonseca, que funcionava como uma montanha mágica, sempre com a promessa de novas aventuras ao ar livre ou com a certeza do retorno ao aconchego do lar, um lugar que encabeça a lista dos desejos a realizar se e quando eu ganhar na Mega Sena.
Toscana gaúcha – Marta Sfredo
Todos os tamanhos de viagem cabem no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Quem mora na Capital pode passar um dia. É tempo suficiente para deixar o olhar correr pelo verde que combina altos e baixos da Serra a desenhos simétricos de parreirais e provar os paladares dos restaurantes da região. Voltará com a sensação de ter passado algumas horas na Toscana.
Dedico alguns dias dos finais de ano para explorar os arredores. O clima é ameno, e o sossego, garantido. Dá para fazer degustação em grandes e pequenas vinícolas. E cada roteiro permite descobertas, da igrejinha de Monte Belo do Sul à cachaçaria com direito à vista espetacular do Rio das Antas. Quem não conhece pode ficar ao menos uma semana.
Pinto Bandeira, a Champagne do Brasil – Rosane de Oliveira
O caminho até as vinícolas da região considerada a Champagne do Brasil, em Pinto Bandeira, serpenteia entre pomares que remetem à paisagem do interior da França. Entre parreirais que se estendem a perder de vista, está a Vinícola Don Giovanni, que rivaliza com a Cave Geisse na qualidade dos espumantes. As duas oferecem degustação e visita guiada, mas o que torna a Don Giovanni única é a figura da matriarca Beatriz Dreher Giovannini, a Dona Bita, e a visão dos montes e vales ao entardecer.
Na pousada que um dia foi a residência da família, o difícil é conseguir vaga de última hora, está sempre lotada. Os felizardos que conseguem uma reserva no inverno são recebidos com a lareira acesa, em um ambiente repleto de obras de arte. Enquanto degusta os espumantes (com pão caseiro e pasta de berinjela), o hóspede sente o cheiro do jantar sendo preparado no porão. O risoto de alcachofra é para jamais esquecer.
A delícia de ir a Pelotas e Rio Grande – Kelly Matos
Meu carinho por Pelotas vai muito além da delícia que é estar nos pavilhões da Fenadoce. Mas é claro que eu jamais cometi – e nem cometeria – a heresia de visitar a cidade sem aproveitar as obras de arte produzidas nas confeitarias pelotenses. Pastel de Santa Clara, queijadinha, quindim, bem-casado... sabores que vão muito além de açúcar, ovos e farinha: os doces carregam amor. Se estiver em Pelotas, passe pelas confeitarias e aproveite! Mas não deixe de ir ao Mercado Central. São muitos restaurantes, lojas e aquelas mesinhas na rua que são cenário perfeito para um happy hour com os amigos.
Ah! Tire um fim de semana para conhecer as charqueadas. E prepare-se para voltar no tempo e desfrutar de paisagens incríveis e cenários históricos, por onde passaram personagens de produções como a A Casa das Sete Mulheres e O Tempo e O Vento. A Charqueada São João é uma das mais tradicionais. Pelotas ainda tem o Theatro Guarany, a famosa Praia do Laranjal, o Museu da Baronesa, o samba dos Saraivas... mas eu não vou encerrar este texto sem antes contar sobre o melhor xis que já comi e que vale cada quilômetro rodado até a zona sul do Estado. Com mais de 25 anos, o Circulu’s é parada obrigatória.
Estique a viagem por mais uns minutinhos e chegue à histórica e grandiosa Rio Grande. Uma cidade com tradição, cultura e o dom de acolher. Um dos pontos turísticos que minha família adora fica na praia do Cassino. Os Molhes da Barra são constituídos por dois quebra-mares de gigantescas pedras que avançam quatro quilômetros no Oceano Atlântico. Um deles está localizado em Rio Grande, e o outro, em São José do Norte.
A dica é realizar um inesquecível e emocionante passeio de vagoneta, adentrando o oceano sobre as pedras. As vagonetas são carrinhos movidos a vela que deslizam sobre trilhos, controlados por trabalhadores conhecidos como vagoneteiros. Os Molhes da Barra são conhecidos também como local de pesca e por abrigar o refúgio dos lobos e leões-marinhos. Eu garanto que você vai se encantar.
Litoral longe da areia – Giane Guerra
Fugindo da muvuca da beira da praia, descobri que o Litoral tem recantos especiais e mais tranquilos. Após um sábado tenso no último verão, tentando não perder as crianças entre toda a população gaúcha que estava na areia de Capão da Canoa, resolvemos passar o domingo em uma das cachoeiras da região.
Peguei o carro com a família e fomos parar na Cascata da Borússia, em Osório, distante cerca de 10 quilômetros da BR-101. Fica em uma propriedade privada, e é cobrado um ingresso por pessoa. Há pequenas trilhas até as cachoeiras. Estava bem movimentado naquele dia, mas foi fácil estacionar. Além disso, as pedras e a vegetação permitem que você ache um cantinho para sentar e admirar a natureza.
O local bem sinalizado para tomar banho com segurança, mas ainda assim cuidado com as pedras. Um escorregão me rendeu um roxo na perna que durou semanas. Percebi também muitas famílias com crianças, o que garante a brincadeira dos pequenos. Diversos visitantes tinham levado carne e faziam churrasco, mas também havia um restaurante. Não chegamos a comer no local porque caiu uma chuva tão forte que tivemos de encurtar o tempo do passeio. Mas gostamos da descoberta e voltaremos em breve.
A imponência dos cânions de Cambará do Sul – Paulo Germano
Diziam que o mais bonito era o Fortaleza. Eu, que nunca tinha visto um cânion, fui logo até ele quando cheguei a Cambará do Sul – deixei o Itaimbezinho, menos festejado pelos amigos, para o dia seguinte. Isso foi nas férias de inverno, dois meses atrás. E, de fato, quando a imponência verde do Fortaleza surgiu à minha frente, pensei:
– Jesus!
Como vivi 36 anos sem olhar para aquilo? A três horas da minha casa! Na Estalagem da Colina, simpática pousada onde me hospedei, fui dormir ainda embevecido com aquela imagem, mas meio desmotivado: o Itambezinho, a começar pelo nome, devia ser algo menor.
A trilha mais acessível, na manhã seguinte, já parecia anunciar um cenário insípido, mas, ao alcançar a borda do cânion, ao avistar os paredões rochosos do Itaimbezinho, bem diferentes da muralha arbórea do Fortaleza, minha surpresa foi pensar de novo: como vivi 36 anos sem olhar para aquilo?
Cheiro de lareira e gosto de chocolate – Tulio Milman
Cheiro de lareira e gosto de chocolate. Gramado é uma invenção que deu certo. Gastronomia, paisagem, paz, compras. Seu Jayme Prawer foi a Bariloche, na Argentina, e voltou cheio de ideias. Muito mudou, mas a essência ainda está lá. Tem até um campo de golfe cercado por araucárias. Gramado mostra tudo, mas tem aqueles recantos e segredos que nos pedem: “Não conta pra ninguém”.
A cidade cresceu tanto que hoje repensa seu tamanho. Um debate saudável e necessário, antes que os prédios tapem o céu e os engarrafamentos se tornem perenes. Gramado funciona nas quatro estações e tem um ritmo para cada uma. Desde criança, na família, havia uma divisão. Os que gostavam da praia e os que preferiam a Serra. E eu, que gosto dos dois, aproveito tudo em dobro. Gostar não é excludente. Muito antes pelo contrário.
Brindes na Campanha – Sara Bodowsky
O caminho para a Fronteira pode ser mais delicioso se você planejar a viagem passando pela rota enoturística Vinhos da Campanha. São 16 vinícolas, além de restaurantes e hotéis. Adoro a região, que é uma mistura do Brasil com o Uruguai, meu destino preferido para viagens de carro. A Vinícola Peruzzo, em Bagé, recebe os visitantes como se fosse em casa. Além da degustação dos ótimos vinhos, ainda é possível agendar refeições típicas da região. A Guatambu, em Dom Pedrito, oferece, em alguns sábados do ano, memoráveis almoços harmonizados. Uma grande parrilla prepara assados com carne muitas vezes proveniente da própria cabanha da família Potter, proprietária da vinícola. Acompanhamentos e sobremesas são harmonizados com os melhores rótulos da Guatambu. Após o almoço você pode escolher descansar um pouco – acompanhado de vinho, é claro – junto do fogo de chão no jardim ou pode visitar a vinícola, uma das mais modernas da região.
Também em Bagé, a Pousada do Sobrado é um casarão centenário em frente a um açude, em uma fazenda com cães, gatos, cisnes, gansos, patos, galinhas e cavalos convivendo em harmonia. O local ficou famoso por ter hospedado a maior parte do elenco de O Tempo e O Vento, em 2013. O café da manhã é servido na sala do casarão, com o mesmo mobiliário antigo dos quartos. A sensação é de voltar alguns séculos no tempo e na história da fronteira gaúcha. Você pode encontrar outras opções nas cidades próximas, inclusive em Santana do Livramento.
Boa comida no centro de Bento Gonçalves – Eduardo Gabardo
Bento Gonçalves é uma cidade que sempre está no meu roteiro. Tem uma questão sentimental, afinal, meu pai nasceu lá, mas também reúne várias coisas de que gosto muito, como boa comida, vinho e tranquilidade. A região da Rua Herny Hugo Dreher, onde fica o tradicional Hotel Dall’Onder, está repleta de bons restaurantes, bares e cafés. Gosto de me sentar para tomar um café na parte da tarde e escolher uma boa massa com um vinho tinto à noite.
Outra coisa que não pode faltar é uma visita a uma das dezenas de vinícolas da região. Tem várias que ainda estão faltando na minha lista. Também é indispensável uma caminhada respirando o ar puro da Serra, observando os parreirais. Este é o roteiro perfeito para um agradável final de semana de descanso. E também para o trabalho. O Esportivo está de volta ao convívio dos grandes na Série A do Gauchão de 2020. No meu caso, uma oportunidade a mais de subir a Serra para as transmissões da Rádio Gaúcha e contemplar o visual magnífico da Montanha dos Vinhedos.