
Uma sonda soviética lançada há mais de 50 anos deve reentrar na atmosfera terrestre neste fim de semana. De acordo com as previsões mais recentes, a Kosmos 482 deve cair em áreas oceânicas na madrugada de sábado (10).
Embora a chance de o impacto ocorrer em regiões urbanas e habitadas seja baixa, poderia provocar danos significativos.
A última previsão da Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês), publicada antes das 10h desta sexta-feira (9), é de que a queda ocorra às 3h26min de sábado, no horário de Brasília. A margem de erro no horário da queda é de, aproximadamente, 4h35min. Ou seja, o horário da queda está entre às 23h15min desta sexta e às 7h57min de sábado.
Corredor de risco e o Brasil
O mapa do corredor de risco mostra que a chance de cair em áreas oceânicas e não populadas é maior. O cálculo pode variar e ganhar mais precisão dentro de horas.
— Aproximadamente 70% da superfície terrestre é coberta por água, e grande parte da terra firme é desabitada. Portanto, a chance de queda em área populada gira em torno de 20% a 30%, conforme as análises comuns para reentradas descontroladas de objetos espaciais — explica o astrônomo e astrofotógrafo Geovandro Nobre.
— A reentrada depende de múltiplos fatores atmosféricos e orbitais, e só poderá ser estimada com mais clareza nas últimas horas antes da queda — diz ele.
O especialista afirma que a órbita atual da sonda passa por muitas regiões habitadas entre as latitudes 52°N e 52°S, o que inclui partes da América do Sul, África, Sudeste Asiático, Europa, Austrália e América do Norte. Duas linhas do corredor de risco estipulado pela ESA passam sobre o Brasil, abrangendo áreas do norte e da faixa leste do país.

Organizações como a US Space Command, ESA e outros centros de rastreamento estão divulgando atualizações constantes, conforme a altitude orbital decai. Por enquanto, acrescenta Nobre, as estimativas têm margem de erro de milhares de quilômetros e várias horas.
O que a queda da Kosmos 482 pode causar?

O cenário mais provável é de que a sonda soviética caia no oceano. Nobre defende que, neste caso, os riscos são muito baixos. As principais preocupações seriam a contaminação ambiental — caso algum material tóxico sobreviva à reentrada — e a possibilidade de os destroços caírem perto de rotas marítimas.
— No geral, a água absorve bem o impacto e não há riscos maiores à vida marinha ou à população — complementa o especialista.
Já no cenário menos provável, de a sonda cair em área populada, um dos principais riscos seria a parte mais pesada da Kosmos 482, estimada entre 300kg e 500kg, sobreviver à reentrada.
— Se cair em área urbana, pode danificar construções, causar ferimentos ou até matar pessoas, embora a probabilidade seja muito baixa. Não causaria uma cratera de explosão como um meteorito grande, mas poderia destruir um telhado ou atravessar vários andares de um prédio dependendo da velocidade e ângulo de impacto — analisa.
O astrônomo estima que deve haver outra atualização da ESA ainda nesta sexta-feira.