Para onde você olhar, vai achar um pouquinho de história em Pelotas – seja caminhando pelos ladrilhos hidráulicos ou admirando a arquitetura dos prédios. Mas a cidade do sul do Estado também é conhecida por seus doces, e a festa que celebra esses quitutes, a Fenadoce, começa nesta quarta-feira (31).
O município tem 204 anos e história de sobra, com um centro turístico de dar inveja. Sã.o casarões que remetem a uma era rica de Pelotas. Para entender como tudo começou, uma boa opção é começar o passeio pelas charqueadas. Nessas antigas fazendas, produzia-se o charque, a carne salgada que ficava dias no sol e que alavancou a economia da cidade no século 19.
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O charque ia para o Nordeste, e o açúcar vinha para cá. Naquela época de riqueza, os doces passaram a ser produzidos e servidos nos grandes eventos da alta sociedade. Nas cozinhas, as receitas portuguesas entraram no cotidiano.
A cultura africana também está em alguns doces – foram os escravos que colocaram no quindim a camada de coco que faz o doce ser até hoje um dos mais famosos do cardápio pelotense.
A charqueada São João é um desses locais e conta com passeios guiados a R$ 30 por pessoa. Quem quiser ainda pode andar de barco pelo Arroio Pelotas pagando mais R$ 40. Na charqueada Santa Rita, a atração é hospedar-se em um quarto cheio de detalhes históricos (R$ 290 a diária). Outro destaque é o Solar da Baronesa, que fica bem perto das charqueadas e conta com um acervo cheio de história (ingresso a R$ 3).
Seguimos o nosso passeio mostrando outros pontos em Pelotas que resgatam a cultura portuguesa. Visitamos a Delícias Portuguesas, uma das doçarias mais antigas da cidade. Dá para sentar, tomar um cafezinho e provar os doces tradicionais. Tudo é feito à mão, como era nos conventos portugueses. De lá que vieram as receitas dessas delícias, muitas delas com a gema de ovo como ingrediente principal. Os docinhos custam em média R$ 3,50, e você não os encontra só por aqui, não! Há uma doceria em cada canto da cidade. Por isso, o título de Capital Nacional do Doce.
Para que todos pudessem conhecer um pouco mais da história do doce de Pelotas, desde 2013 há o Museu do Doce. Na visita guiada, é possível ver todo o processo histórico dessas delícias, além de objetos usados em fábricas e fotos das primeiras doçarias do município.
– O museu causa muito interesse, tanto pela arquitetura, pela edificação, que vale a pena conhecer, quanto pela história do doce que é contada aqui – comenta a diretora da instituição, Carla Gastaud.
História que também vem de outras etnias. Perto do museu, há um centro histórico cheio de traços franceses. São os casarões sobre os quais a gente falou lá no começo. No mercado público, a Torre do Relógio foi inspirada na Torre Eiffel.
No mercado, dá para comprar de tudo um pouco e ainda aproveitar para ouvir música aos fins de semana. Do lado de fora, sábado é dia de feira das pulgas. Foi assim, ao ar livre, que a gente aproveitou para almoçar. Há várias opções de restaurantes. Nós escolhemos um especializado em frutos do mar, onde o almoço para duas pessoas custa R$ 80. De sobremesa, mais doce. Agora os cristalizados, de origem francesa, assim como a fonte que pode ser visitada na Praça Coronel Osório, a principal da cidade, que fica no centro de todos esses prédios históricos.
Para finalizar, descobrimos um pouco mais sobre a história desse tipo de doce na fábrica Doces Onélia. Ali, Onélia Leite mantém a tradição da família de transformar frutas em doces feitos de forma artesanal. Uma bandeja desses quitutes sai por R$ 17.
– Chama atenção, é diferente. E doces cristalizados tu levas para onde viajar – explica ela.
Como ir
A partir de Porto Alegre, basta pegar a BR-116. São 260 quilômetros, em aproximadamente três horas de viagem.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)