A contratação do argentino Gustavo Grossi como gerente das categorias de base do Inter tem tudo para se tornar um marco na história do clube. O ex-profissional do River Plate tem um currículo extremamente enriquecido pelos resultados do clube nos últimos anos, intimamente ligados à promoção de atletas das categorias de base. A ideia no Beira-Rio passa a ser a mesma que vingou no Monumental de Nuñez. Todas as equipes coloradas, independentemente da idade dos atletas, seguirá uma mesma orientação de futebol. A intenção é criar um padrão, uma escola colorada que terá como orientador maior o treinador do time principal, no caso, Miguel Ángel Ramírez.
Tal providência não chega a ser novidade. Em outros países da América do Sul e principalmente da Europa isto é comum. Nos clubes brasileiros há tentativas, mas fica muito na informalidade por um motivos bem simples, a alta rotatividade e o poder absoluto dos técnicos nos clubes, associado à falta de critérios dos dirigentes. Basta ver o exemplo do próprio Inter que no ano passado viu uma transformação radical da maneira de jogar quando da saída de Eduardo Coudet e a chegada de Abel Braga, algo que também se modificou na hora em que Ramírez assumiu por opção de uma nova gestão.
Imaginem o nó na cabeça de treinadores da base ou dos garotos se fosse seguida a filosofia de acompanhamento tático do time principal obrigatoriamente. Surge aí o grande desafio para um planejamento admirável e um início de execução que merece elogios no Inter. Tudo o que está sendo feito, como a busca de Miguel Ángel Ramírez e sua equipe, o retorno de Julinho Camargo, a contratação de Gustavo Grossi vai necessitar de tempo de implantação, não podendo estar submetido a pressões por eventuais fases ruins ou resultados insuficientes.
É importante a gestão de Alessandro Barcellos ser de três anos para a implantação de modelos que necessitam de solidez. O presidente e seus pares, porém, precisarão, acima de tudo, manter convicções e seguir o projeto estabelecido. Quem faz tal opção, a mais sensata para formar elenco em casa, não pode se render a velhas práticas do futebol brasileiro que parece não estão perto de desaparecerem.