A Conmebol, nos últimos dias, mostrou claramente sua vocação para participar de um antigo programa de TV comandado por Silvio Santos. Ela é fiel à filosofia do Topa Tudo Por Dinheiro. Mesmo tendo passado por alterações em seus dirigentes depois que muitos foram condenados e até eliminados do futebol por fraude, os novos mandatários seguem uma cartilha de ética e postura duvidosas. Querer comprar vacinas contra covid-19 para viabilizar suas competições é de uma imoralidade poucas vezes vista durante esta pandemia.
O mais impressionante é o fato do Uruguai, um país que temos todos os motivos para admirar, que é tão caro e irmão de nós gaúchos, se prestar para fazer um papel de intermediário nesta vacinação escandalosa de quem não está em nenhuma fila de prioridade de país algum da América do Sul. Doação de vacinas? Sem sua população estar toda imunizada? Não se entende, a não ser que haja uma campanha de alguns pouco dos nossos vizinhos para trocar o sagrado sol da bandeira por uma laranja.
Por mais que se discuta a política nacional de combate à pandemia no Brasil, a Anvisa, ao proibir que brasileiros não prioritários recebam vacinas "doadas" e enviadas pela Conmebol, mostra que ainda há soberania neste país. Estaríamos diante de algo que poderia ser comparado a contrabando, sem falar no sentimento de nojo da população ao ver atletas profissionais bem pagos e altamente testados estarem imunes, enquanto todos os que estão aflita, mas pacientemente em filas. Todo o mundo do futebol estaria contaminado pelo vírus da falta de vergonha por obra da Conmebol, a mesma que já havia ficado indignada quando as autoridades do Equador limitaram a movimentação do Grêmio porque havia casos positivos de coronavírus no elenco. Certo estavam os equatorianos, embora o Grêmio tenha tido lá seus prejuízos.
Que esta ideia absurda da Confederação morra na casca, como já foi detonada pela Anvisa no Brasil. Louvem-se as posições dos presidentes da dupla Gre-Nal que não abraçaram a aberração sanitária que era proposta. Se a Conmebol quer se preocupar com algo de suas competições, que melhore alguns estádios ridículos da Libertadores, que coloque VAR em todos seus jogos, que melhore as entrevistas nos jogos e que se dê conta que sua ganância não pode ser maior do que a lei de nenhum país.