Como gremista, eu já tinha jogado a toalha quando sugeri que, diante do iminente rebaixamento no Campeonato Brasileiro, a torcida precisava se inspirar em personagens como os da comédia A Vida de Brian (1979). É aquela sátira bíblica sobre um pobre coitado judeu (papel de Graham Chapman) que nasceu no mesmo dia e hora de Jesus, une-se a um grupo de rebeldes para derrubar o Império Romano e acaba confundido com o salvador. Há uma canção no final do filme que se tornou clássica ao ser entoada por uns sujeitos crucificados, Always Look On the Bright Side of Life (sempre olhe para o lado bom da vida) — uma dica em boa hora para os tricolores.
Mas daí o Grêmio venceu o Bragantino por 3 a 0, a Chapecoense por 3 a 1, na noite de terça (23) buscou um empate em 2 a 2 com o Flamengo. Se não foi o resultado necessário para possibilitar a saída do rebaixamento na próxima rodada, pelo menos a recuperação — perdia por 2 a 0 e teve um jogador expulso — há de servir como inspiração para o duelo desta sexta-feira (26) contra um adversário direto na briga contra o Z-4, o Bahia.
Diante dessas circunstâncias, meu gremismo tem oscilado. Ora me agarro à esperança, ora adoto a resignação. Ora faço cálculos e simulações de resultados, ora espio o mapa da Série B de 2022. É uma montanha-russa emocional que, curiosamente, encontra paralelo na filmografia de um dos grandes atores de Hollywood: Tom Hanks, 65 anos, ganhador do Oscar por Filadélfia (1993) e por Forrest Gump (1994). Vejam só:
Em 1986, ele estrelou uma comédia chamada Um Dia a Casa Cai — a do Grêmio já caiu duas vezes, mas espero que não aconteça uma terceira vez. Porque, como aponta o título de um romance lançado em 1986, É Difícil Dizer Adeus à Série A.
Em 1988, Hanks protagonizou dois filmes que simbolizam o momento gremista: o autoexplicativo Quero Ser Grande e Palco de Ilusões — que vale para a Arena, onde o Grêmio tem aproveitamento de 46,2% (seis vitórias, sete empates e cinco derrotas).
E que tal os títulos de 1990? Mancini, quer dizer, Joe Contra o Vulcão e A Fogueira das Vaidades, que me lembrou da coluna publicada pelo Filipe Gamba em outubro, "Em nome da vaidade, Grêmio definha como time e como instituição".
Para contrabalançar, em 1992 teve Uma Equipe Muito Especial e, em 1993, Sintonia de Amor — por pior que seja a fase, o Grêmio sempre será uma equipe muito especial no coração de sua torcida.
E o que dizer dos subtítulos brasileiros para Apollo 13 (1995) e The Wonders (1996)? Respectivamente, Do Desastre ao Triunfo e O Sonho Não Acabou.
Alguns anos depois, Tom Hanks emendou três filmes bastante representativos da corda bamba gremista: À Espera de um Milagre (1999), Náufrago (2000) e Estrada para Perdição (2002).
Anjos e Demônios (2009) soa como o retrato da temporada em que o Inferno (2016) do rebaixamento está Tão Forte e Tão Perto (2011). Mas ainda acredito que podemos acabar 2021 com Um Lindo Dia na Vizinhança (2019) da Arena do Grêmio.
O que ver no streaming
- Um Dia a Casa Cai (1986): Apple TV, Google Play e YouTube
- Palco de Ilusões (1988): Apple TV, Google Play e YouTube
- A Fogueira das Vaidades (1990): HBO Max
- Joe Contra o Vulcão (1990):HBO Max
- Uma Equipe Muito Especial (1992): Apple TV
- Sintonia de Amor (1993): Amazon Prime Video (somente para aluguel)
- Apollo 13: Do Desastre ao Triunfo (1995): Star+
- À Espera de um Milagre (1999): Globoplay, Apple TV, Google Play e YouTube
- Náufrago (2000): HBO Max
- Estrada para Perdição (2002): Star+
- Anjos e Demônios (2009): Netflix
- Tão Forte e Tão Perto (2011): HBO Max
- Inferno (2016): Netflix
- Um Lindo Dia na Vizinhança (2019): HBO Max