Acaba de estrear na Netflix a minissérie Halston, mais uma produção recente dedicada a contar um pouco da vida e da carreira de um estilista famoso. De 2009 para cá, dá para listar pelo menos 10 títulos — entre ficções e documentários, entre filmes e séries — que retrataram nomes como o dos franceses Coco Chanel e Yves Saint-Laurent, o do italiano Gianni Versace e o do britânico Alexander McQueen. E até o final do ano teremos Lady Gaga, Al Pacino e Adam Driver em House of Gucci, uma trama policial dirigida por Ridley Scott (leia mais sobre essas obras logo abaixo).
Criada por Ryan Murphy e escrita com Ian Brennan — parceiro do primeiro em séries como Glee, Scream Queens, The Politician, Hollywood e Ratched —, Halston é baseada em um livro do jornalista Steven Gaines e tem direção de Daniel Minahan. Seu personagem, Roy Halston Frowick (1932-1990), foi um dos maiores nomes da moda estadunidense, embora hoje, muito por conta do fim melancólico de sua carreira, não tenha a popularidade de um Calvin Klein, de um Tommy Hilfiger ou de um Tom Ford. Depois de ganhar fama com o chapéu usado pela primeira-dama Jacqueline Kennedy na posse de John F. como presidente, em 1961, nas décadas de 1970 e 1980 Halston encantou o público feminino com peças clean e minimalistas, um closet confortável e versátil, como escreveram as colunistas Patrícia Pontalti e Patrícia Parenza no Donna: "Simplificou estampas, reduziu costuras, recuperou o corte enviesado que se envolve ao corpo, que celebra a silhueta. Foi um dos criadores do que se convencionou chamar casual-chique, descomplicando a vida das mulheres, mas mantendo o glamour e a sensualidade".
Na minissérie de cinco episódios, ele é interpretado pelo escocês Ewan McGregor, o que causou queixas da comunidade gay, afinal, o astro de Trainspotting, Moulin Rouge! e Doutor Sono é heterossexual, ao contrário do biografado. McGregor defendeu-se. Reconheceu que, de fato, atores e atrizes LGBT+ recebem menos oportunidades; mas disse entender a sexualidade de Halston como apenas uma das partes que constituem sua figura. "Se fosse uma história mais centrada nesse aspecto, então talvez o correto seria um ator gay interpretá-lo", afirmou.
Em comum com muitos das obras citadas na lista abaixo, Halston, pelo que se viu no primeiro capítulo, oferece ao público a atraente mistura de glamour com sombras. Nesses filmes, documentários e seriados, não raro os estilistas precisam lidar com pressões externas (de preconceitos a prazos) e demônios interiores — e isso pode empurrá-los para uma vida errática, temperada por álcool, drogas, depressão e brigas com seus colegas e amigos. No caso de Halston, ele tinha ao lado, entre outros, o ilustrador Joe Eula (encarnado por David Pittu), a modelo e designer de joias Elsa Pedretti (Rebecca Dayan), a atriz e cantora Liza Minnelli (Krysta Rodríguez) e o então figurinista Joel Schumacher (Rory Culkin), futuro cineasta de títulos como Um Dia de Fúria (1993) e Tempo de Matar (1996).
Coco Antes de Chanel (2009)
Eterna Amélie Poulain, Audrey Tautou vive a célebre Coco Chanel (1883-1971) antes de batizar um estilo, um sapato, um corte de cabelo, uma bolsa, um perfume... O filme dirigido por Anne Fontaine mostra a vida dura da costureira, que era órfã e pobre. No meio desse cenário, ela começa a se munir de referências que serão recriadas em seu trabalho. Coco Antes de Chanel concorreu ao Oscar de melhor figurino. (Telecine)
A estilista também foi personagem em Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009), de Jan Kounen, sobre o suposto romance que a francesa viveu com o compositor russo. Os dois são interpretados por Anna Mouglalis e Mads Mikkelsen.
Saint Laurent (2014)
Assinada por Bertrand Bonello (de Nocturama), esta cinebiografia do revolucionário estilista francês nascido na Argélia (1936-2008) foi lançada no mesmo ano de Yves Saint Laurent, do diretor Jalil Lespert (o mesmo da série documental Quarto 2806), que contou com o apoio da maison. A seu favor, Saint Laurent exibe uma proposta autoral mais ambiciosa. Bonello focou a narrativa entre o final dos anos 1960 e meados dos anos 1970, época do auge criativo do personagem interpretado por Gaspard Ulliel e também uma era de efervescência cultural e política no mundo. No elenco, Helmut Berger (como YSL na velhice) e Léa Seydoux. (Google Play e YouTube)
Dior e Eu (2014)
Além de mostrar bastidores da grife sediada em Paris, o documentário de Frédéric Tcheng acompanha a criação da primeira coleção de Raf Simons para a Christian Dior — o estilista belga foi contratado após a escandalosa saída de John Galliano, demitido por causa de declarações racistas e antissemitas em 2011. (Google Play e YouTube)
Jeremy Scott: The People's Designer (2015)
O documentário de Vlad Yudin reconstitui a trajetória do estadunidense Jeremy Scott, 45 anos, desde a infância humilde na zona rural até se tornar dono e diretor criativo da Moschino.
The Assassination of Gianni Versace (2018)
O ator venezuelano Édgar Ramírez interpreta o designer italiano Gianni Versace (1946-1997) nesta versão ficcionalizada de sua morte pelo assassino serial Andrew Cunanan (papel de Darren Criss), apresentada na segunda temporada da série American Crime Story. Ganhou sete troféus Emmy, incluindo melhor minissérie, direção (Ryan Murphy, pelo episódio The Man Who Would Be Vogue), ator (Criss) e figurino contemporâneo. (Netflix)
McQueen (2018)
Mesclando vídeos caseiros, entrevistas com a família, cenas de bastidores e imagens dos mais icônicos desfiles, o documentário de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui narra a história do estilista britânico Alexander McQueen (1969-2010), encontrado morto, em seu apartamento com apenas 40 anos, um dia antes do funeral de sua mãe. (Telecine e Now)
Halston (2019)
Em outro documentário sobre moda, Frédéric Tcheng reconstitui a vida de Roy Halston Frowick. Entre os depoimentos, estão os de antigos amigos e colegas do estilista estadunidense, como Liza Minnelli, Joel Schumacher e Marisa Berenson. As imagens de arquivo são um tesouro: incluem, por exemplo, um bate-papo de Halston com a modelo Iman instantes antes de sua estreia em um desfile, além de aparições em programas de TV, cenas de reportagens, comerciais e filmes caseiros.
House of Gucci (2021)
Com estreia nos Estados Unidos marcada para o final de novembro, o filme de Ridley Scott é baseado no livro de Sara Gay Forden que contou a história do assassinato do empresário Maurizio Gucci (1948-1995), herdeiro da marca italiana, a mando de sua ex-mulher, Patrizia Reggiani. Adam Driver interpreta Maurizio, Lady Gaga faz Patrizia, e o elenco ainda conta com Jeremy Irons (Rodolfo Gucci, o pai), Al Pacino (Aldo Gucci, tio) e Jared Leto (Paolo Gucci, um fictício primo).