Moda

Para além do tweed

Coco Chanel para além do tweed: quais as peças imortalizadas pela estilista que usamos até hoje

Stylist faz apanhado da influência do estilo de Chanel, que estaria fazendo aniversário nesta quarta (19)

Por Tanise Haas, stylist, especial

Moda é um reflexo dos tempos em que vivemos. Faz parte do trabalho de um estilista entender esses movimentos e atender aos anseios gerados dentro desse contexto.

reprodução / divulgação
A estilista Coco Chanel

Pois Coco Chanel (1883-1971) fez isso de forma genial. Revolucionária da moda, soube entender as mudanças de comportamento do novo século, especialmente no cenário pós-guerra e dedicou-se a vestir a mulher moderna emancipada que empreendia uma mudança de papéis, com participação mais ativa. Sua estética despojada e fácil de usar conquistou as mulheres que não cabiam mais em apertados espartilhos, saias volumosas de diversas camadas que se arrastavam pela areia e uma série de artifícios que impossibilitavam o movimento e faziam com que elas dependessem de funcionários para ajudá-las a vestir-se.

Além disso, no ambiente pós-guerra reinava um clima de austeridade que não combinava com vestimentas extravagantes - por isso, a moda confortável e prática da estilista tornou-se bastante apropriada. Ainda neste contexto, o uso de tecidos considerados simples, como o jérsei, e as pérolas falsas acabaram por democratizar estilo e elegância.

Como se vê, a influência de Chanel ultrapassa a fronteira da moda e da forma de vestir e se situa na proposta de uma nova mulher. E para comemorar o que seria mais um aniversário desta incrível visionária, relembramos os seus principais legados.

O estilo Chanel

Para além das peças icônicas criadas por Coco Chanel, seu estilo é um grande legado: prático, simples e elegante. Ainda hoje, muito atual! 

A estilista tinha uma inclinação para a alfaiataria e o estilo esportivo e uma fascinação pelo guarda-roupa, à época, considerado masculino. Apropriou-se dos suéteres listrados e camisas brancas dos marinheiros e usou com saias lisas e retas, cuja barra fez subir acima dos tornozelos, mostrando os sapatos de bico arredondado.

Propôs o terno feminino e o blazer, colocou as mulheres em calças, cortou os cabelos curtos, tornou tudo mais prático com o pretinho básico e o twinset. Tweed, colares de pérolas e correntes completam o visual idealizado por Coco. Mas vamos por partes agora:

Terno

Em 1916, Chanel propôs o terno de três peças – composto por saia, suéter e cardigã de bolsos chapados –, que tornou-se "obrigatório" para as mulheres da época. Feito de jérsei, o humilde tecido concedia liberdade de movimentos sem deixar de acompanhar as formas do corpo.

Fácil de fabricar, foi explorado pela produção em massa, que tornava-se cada vez mais eficaz - e virou a primeira roupa produzida em massa.

Corte Chanel

Assim como as roupas fáceis de usar, o corte de cabelo eternizado pela estilista liberava as mulheres da necessidade de ter uma criada para penteá-las. E era perfeito para acomodar o recém criado chapéu cloche.

Cabelos compridos eram sinônimo de feminilidade na tradicional sociedade da época, e o corte causou polêmica uma vez que concretizava os temores relacionados à mulher moderna.

Pretinho básico

Considerada a criadora do clássico pretinho básico, Chanel desafiou as fronteiras de classe e riqueza nos anos 1920 e democratizou a elegância, uma vez que a peça poderia ser usada por qualquer mulher, independentemente da classe econômica. 

Em um misto de luxo e contenção, significou um motim contra os códigos de vestimenta impostos pela sociedade. A história depois disso vocês sabem: o pretinho básico foi alçado à condição de item básico dos closets e tornou-se uma das peças mais versáteis já criadas.

Calças e blazer

Coco Chanel, que já costumava se apropriar do guarda-roupa masculino, inspirou-se no uniforme dos marinheiros e introduziu o uso de calças pelas mulheres, com modelo boca de sino. Existe algo mais prático?

Acessórios

Sem qualquer preconceito, a estilista também popularizou o uso de bijuterias, especialmente os colares de pérolas falsas e as correntes, usadas também nas alças do clássico modelo de bolsa a tiracolo matelassada, criada nos anos 1950. Clássica, elegante e igualmente prática.

Vale citar também a consagração do modelo de sapato Sabrina bicolor com ponta preta – que disfarçava a sujeira.

Tailleur de tweed

O traje como o conhecemos hoje começou a ganhar forma durante a Primeira Guerra Mundial, quando a escassez de tecidos foi fazendo encurtar o comprimento da saia e foi promovido por Chanel nos 1950, tendo como marca registrada o uso de tweed.

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