Inédito na televisão aberta brasileira, a mais recente versão de Nasce uma Estrela (2018) é o cartaz desta segunda-feira (23) na Tela Quente. A partir das 22h55min, a RBS TV exibe o filme dirigido por Bradley Cooper e estrelado por ele e pela cantora Lady Gaga, vencedor do Oscar de melhor canção por Shallow — aquela que, nas vozes dos sertanejos Luan Santana e Paula Fernandes, virou a antológica Juntos e Shallow Now, interpretada a todo pulmão por milhares de fãs, assim como a original em inglês. Portanto, que os vizinhos não estranhem se hoje as salas de estar forem transformadas na plateia de um show.
Nasce uma Estrela (A Star Is Born) é uma história clássica de ascensão e queda no meio musical. Há uma jovem cantora, papel de Gaga, que começa a subir na carreira enquanto seu parceiro (Cooper), outrora um artista renomado, vive o declínio, regado pelo alcoolismo.
Essa história já havia sido contada três vezes no cinema, sempre com o mesmo nome e, geralmente, rendendo indicações ao Oscar. Em 1937, William A. Wellman e Jack Conway (não creditado) dirigiram Janet Gaynor e Fredric March, ambos indicados à estatueta dourada. Judy Garland e James Mason também concorreram aos prêmios pelo filme assinado por George Cukor. Em 1976, a versão assinada por Frank Pierson ganhou o Oscar de canção original, por Evergreen, com letra de Paul Williams e música de Barbra Streisand, que fez par com Kris Kristofferson — os dois foram a exceção ao não disputarem o troféu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Estreia do astro Bradley Cooper na direção, o Nasce uma Estrela de 2018 brigou por oito Oscar no total, incluindo melhor filme, ator, atriz, ator coadjuvante (Sam Elliott) e roteiro adaptado. Talvez o grande mérito deste drama tenha sido confirmar o talento de Stefani Joanne Angelina Germanotta, a Lady Gaga, como atriz. Para viver Ally, a cantora aparece de cara limpa e cabelo na cor natural na maior parte do filme — visual bem distante dos tons platinados e das maquiagens e roupas exageradas que costuma exibir em sua persona musical.
Não foi sua estreia (ela já havia aparecido em Machete, de 2013, e Sin City: A Dama Fatal, de 2014, por exemplo) nem seu primeiro papel de destaque — por interpretar a Condessa na quarta temporada de American Horror Story, série de terror de Ryan Murphy, chegou a ganhar o Globo de Ouro, em 2016. Mas o desempenho de Gaga abriu o baú das celebridades: confira outras cinco cantoras que viraram atrizes (ah, antes que você sinta falta de Jennifer Lopez, vale lembrar que o caso dela foi o contrário).
Cher
A cantora é praticamente uma hors-concours. Depois da série televisiva que comandava com o marido, Sonny & Cher (1971-1974), começou a ganhar chances no cinema. Por Silkwood — Retrato de uma Coragem (1983), Cher venceu o Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de coadjuvante. Marcas do Destino (1985) valeu o troféu de melhor atriz no Festival de Cannes. Em 1987, estrelou Feitiço da Lua, que lhe trouxe o Oscar de atriz, e As Bruxas de Eastwick. Seu currículo inclui Minha Mãe É uma Sereia (1990), Chá com Mussolini (1999), Burlesque (2010) e Mamma Mia 2 (2018).
Madonna
Depois que assumiu essa persona artística, estrelou filmes como Procura-se Susan Desesperadamente (1985), Surpresa em Shangai (1986), com o então marido Sean Penn, e Quem É Essa Garota? (1987) — estes dois títulos foram agraciados com o Framboesa de Ouro de pior atriz. Persistente, fez Dick Tracy (1990), quando começou a namorar Warren Beatty, trabalhou com Woody Allen em Neblina e Sombras (1991), jogou beisebol em Uma Equipe Muito Especial (1992) e sensualizou em Corpo em Evidência (1992) e Olhos de Serpente (1993). Sua atuação mais elogiada foi no musical Evita (1996), de Alan Parker, Globo de Ouro de melhor atriz. De lá para cá, Madonna não voltou a brilhar, pelo contrário: Sobrou pra Você (2000), Destino Insólito (2002) e 007 _ Um Novo Dia para Morrer (2002) lhe valeram mais Framboesas de Ouro. No total, ela soma nove!
Mariah Carey
Popularíssima nos anos 1990, estrelou, em 2001, Glitter: O Brilho de uma Estrela. Desastre completo: apenas US$ 5,2 milhões arrecadados e o Framboesa de Ouro de pior atriz. Mas Mariah Carey se recuperou com um papel nada glamoroso em Preciosa (2009).
Britney Spears
Era uma estrela gigantesca quando protagonizou Crossroads: Amigas para Sempre (2002). Foi um fracasso de crítica e até de público (US$ 61 milhões). Depois, Britney Spears só apareceu em séries como Glee (na própria pele) e How I Met your Mother.
Beyoncé
Ainda não era a rainha quando encarnou Foxxy Cleopatra em Austin Powers e o Homem do Membro de Ouro (2002). Depois, seguiu pela comédia, como Resistindo às Tentações (2003) e a refilmagem de A Pantera Cor de Rosa (2006). Na adaptação cinematográfica para o musical da Broadway Dreamgirls (2006), em que era a protagonista, acabou ofuscada por Jennifer Hudson — outra cantora-atriz, egressa do programa de TV American Idol —, que ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante. Beyoncé encarnou a cantora Etta James em Cadillac Records (2008) e atuou pela última vez em Obsessiva (2009). Curiosamente, era a primeira escolha para a nova versão de Nasce uma Estrela. Vale destacar Black Is King (2020), sua reinterpretação para O Rei Leão (2019), no qual assina as canções da trilha sonora.