O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
De volta à ativa após recuperação de cirurgia, o prefeito reeleito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), corre para tirar o atraso da transição, que começou somente em dezembro. Com projetos de reforma administrativa aprovados na Câmara, o tucano foca nas reuniões com partidos e últimas articulações para montar o primeiro escalão. Para a segunda gestão, Adiló irá contar com partidos que foram seus adversários na eleição de outubro.
Os encontros que devem ser realizados ao longo desta e da próxima semana servirão para definir os espaços de cada partido e onde o prefeito irá colocar integrantes da sua cota pessoal. Blindado pela comunicação, o prefeito Adiló pouco fala à imprensa e deve fazer o anúncio de todo o secretariado de uma só vez, em 27 de dezembro.
Depois de encarar a expectativa frustrada de ver José Ivo Sartori voltar à disputa em Caxias e amargar um quarto lugar com Felipe Gremelmaier, o MDB indicou voto para Adiló no segundo turno e terá seu espaço garantido no governo municipal. A confirmação é do presidente municipal do PSDB, deputado Neri, o Carteiro. Desta vez, a participação será oficial. Integrantes do partido já ocupam o primeiro escalão da atual gestão tucana, mas sem a adesão do MDB.
As surpresas serão PP e PDT, que indicaram os vices nas chapas derrotadas de Maurício Scalco (PL) e Denise Pessôa (PT), respectivamente. Os dois partidos admitem negociações com o PSDB para compor o governo, e discutem internamente a melhor forma de participar. O diretório pedetista, presidido pelo vereador reeleito Rafael Bueno, aprovou a ideia na noite de terça-feira (17). No segundo turno, Bueno abriu seu voto em Scalco na disputa contra Adiló.
Já o PP, que durante a campanha fez duras críticas ao prefeito — inclusive colocando nele a pecha de "carguista" —, pediu espaços e projetos de melhoria para a cidade como contrapartidas.
— Não dá pra ser como o primeiro mandato que o pessoal estava enlouquecido com os problemas. Se vamos compor, tem que haver espaços, eles ficaram de fazer uma proposta. Se agradar a executiva e o diretório, a gente toca ficha — revelou uma fonte ligada ao partido.
Nos bastidores, especula-se que Alexandre Bortoluz (vereador reeleito e presidente do PP local) pode receber a oferta de assumir a Segurança Pública, mas ele nega que tenha recebido convites até o momento.
Sem decisão sobre os espaços que serão ocupados pelos partidos aliados, a única certeza é de que o quadro da prefeitura terá mudanças. PRD, União Brasil e Republicanos, que integraram a coligação vencedora, já têm seus cargos no governo. O PSB, que liberou os filiados na escolha por um candidato, também está presente no atual primeiro escalão e almeja a manutenção do espaço.
— Nos próximos dias estaremos conversando com os partidos que estão nos aguardando também, para poder montar o novo governo. Agora que vai começar, conversamos com um, com outro, e nos próximos dias vamos definindo. Até então a gente debateu sobre essa reestruturação. É um outro momento, é outra gestão, a ideia é que se renovem alguns nomes. PDT e PP se mostram interessados em estar no governo. O MDB estará no nosso governo de forma oficial — antecipou Neri.