Depois da confusão criada pelo anúncio da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o Palácio do Planalto programou uma inusual entrevista coletiva para as 8h desta quinta-feira. Era uma tentativa de tranquilizar o mercado, depois de o dólar ter quebrado o recorde nominal histórico.
Ao menos no início da manhã, não funcionou. O dólar já abriu em forte alta de 1,25%, cotado em R$ 5,975. No entanto, à medida que Haddad seguiu falando, houve leve moderação na alta, mas com o câmbio ainda na faixa alta de R$ 5,90, perto dos temidos R$ 6.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que na quinta-feira à noite fez pronunciamento anunciando cortes de R$ 70 bilhões em dois anos e isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais, reclamou da combinação dos dois assuntos:
– Não queremos confundir medidas de reforma tributária com medidas de sustentação do arcabouço fiscal.
Para evitar a confusão, bastaria ter anunciado os dois conjuntos de medidas em momentos diferentes. Segundo Haddad, a estimativa que dominou o mercado na véspera, de redução de R$ 70 bilhões anuais na receita com a isenção de IR não é correta. Afirmou que a fórmula de cálculo feita pela Receita limita a perda à metade, de R$ 35 bilhões.
Além disso, afirmou que só entrará em vigor em 2026. O descasamento do cronograma da entrada em vigor das medidas - os cortes devem valer já no próximo ano - aumentou a percepção de que o papel da medida tributária era atenuar o impacto do que seria um "pacote de maldades".
A isenção, justificou, só vai beneficiar quem ganha até R$ 5 mil, sem replicar na mesma proporção em salários maiores. Haverá uma "isenção menor" - não detalhada até o horário da primeira versão desta nota - para quem ganha até R$ 7,5 mil.
Atualização: Haddad foi indagado porque havia reclamação sobre o que apontou como "confusão" sobre os cortes de gasto e as medidas tributárias. Alegou que, na "minutagem" do pronunciamento, teria falado sete minutos sobre cortes e trinta segundos sobre IR.