Nesta segunda-feira (15), o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai tentar – como ele mesmo afirmou – "consertar" a decisão do presidente Jair Bolsonaro de frear o reajuste de 5,7% sobre o óleo diesel nas refinarias. A reunião está marcada para as 16h, no Palácio do Planalto, mas o mercado financeiro reflete, com cautela, expectativa de que o fiador do liberalismo econômico de Bolsonaro consiga de fato uma solução aceitável. Depois de despencar 8% na sexta-feira, as ações da estatal recuperam parte do tombo, subindo
1,3% nesta manhã.
Na sexta-feira, Bolsonaro ganhou um apoio improvável. Chamado de "neoliberal" em sua passagem pelo governo Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros afirmou, sobre a atitude do presidente da República:
– Ele não tinha outra saída.
Na visão de Mendonça de Barros, aumentar o diesel em 5,7% em um dia seria "comprar uma briga que seria mortal para o governo dele". Ponderou, ainda, que razões de Estado se sobrepõem a compromissos de natureza ideológica. O ex-ministro lembra que
a Petrobras representa um monopólio e impede a importação livre de diesel (não há impedimento legal, mas de mercado). Lembra que há outras matérias-primas que, como o petróleo, variam de preço com frequência sem que haja repasse tão imediato quanto nos combustíveis:
– O preço da celulose varia de minuto a minuto nos mercados internacionais e nem por isso a indústria de papel e outros produtos de celulose muda de preços diariamente.
Lembrado da reação do mercado, Mendonça de Barros é pragmático. Avalia que investidores e especuladores são "uma parcela ínfima da sociedade". E pondera que o avanço das concepções liberais representará "um processo longo que exige paciência e, principalmente, dar um passo atrás de vez em quando":
– A recuperação da economia no (governo) Temer foi abortada pela greve dos caminhoneiros. O brasileiro médio não nasceu liberal novamente no dia seguinte da vitória de Bolsonaro.